Internacional

Gabriel Casonato: Quais os caminhos para o Brexit após a renúncia de May?

28 maio 2019, 18:52 - atualizado em 28 maio 2019, 18:52
Theresa May
(Imagem: Facebook)

Por Gabriel Casonato, editor do Agora Financial 

Caro leitor,

Depois de anos lutando em vão para aprovar um acordo para o Brexit, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, renunciou.

Ela estava há quase três anos à frente do governo, mesmo tempo desde que o eleitorado britânico decidiu pela saída da União Europeia, em referendo com votação bastante apertada.

O período foi marcado por intensas discussões no Parlamento, que acabaram transformando a questão em um verdadeiro dilema.

De tempos em tempos, a crise do Brexit aparecia na pauta do estresse dos mercados, sobretudo por ninguém saber ao certo quais seriam seus impactos para a economia da região.

Talvez seja isso que explique a reação positiva das principais Bolsas europeias à renúncia da primeira-ministra britânica.

A libra também reagiu subindo frente ao dólar e ao euro, na medida em que a renúncia afasta o cenário mais temido pelos investidores…

O de convocação de eleições antecipadas que poderiam levar ao poder o Partido Trabalhista, de oposição.

May deixará o comando do Partido Conservador em 7 de junho.

Ela explicou que seguirá como primeira-ministra durante a escolha do próximo líder do seu partido – que será, consequentemente, o próximo premiê.

O processo de sucessão deve começar em 10 de junho e ser concluído até o fim do mês.

De solução para uma resistência histórica às políticas da União Europeia, o Brexit passou a ser encarado como um verdadeiro bode na sala do Reino Unido.

Mas não basta tirá-lo.

É preciso eliminá-lo – os defensores dos animais que me perdoem pela metáfora – e resolver de vez a questão.

Na semana que vem, em 3 de junho, May ainda terá a última chance de uma saída digna com mais uma votação de sua proposta para o Brexit no Parlamento.

Mas seu texto já foi rejeitado três vezes pela Casa, e nada indica que desta vez será diferente.

Nem mesmo a possibilidade de realização de um novo plebiscito sobre o acordo, inclusa na nova proposta, parece ter aumentado as chances de aprovação.

Isso porque o Partido Trabalhista já informou que votará contra, pois quer uma união aduaneira permanente com a UE, e não temporária, como prevê o plano da primeira-ministra.

Deste modo, continuará vigorando o prazo prorrogado no mês passado para que o Reino Unido deixe o bloco europeu até 31 de outubro deste ano.

E a indefinição quanto ao Brexit deve continuar até lá, na medida em que a escolha de um líder Conservador envolverá muitas rodadas de votações e deve se arrastar até setembro.

Ademais, o novo líder poderá levar a questão para uma direção totalmente nova, provavelmente mais drástica do que as propostas por May.

A base dos conservadores prefere uma ruptura mais abrupta com a UE do que a proposta atualmente pelo governo, e muitos de seus membros são a favor de uma saída sem um acordo.

É provável, portanto, que apoiem um candidato que prometa abandonar o plano da ainda primeira-ministra.

De qualquer maneira, quem quer que venha a substituí-la terá pela frente o mesmo desafio que perseguiu o seu mandato: o de encontrar um modelo de Brexit que reúna o apoio da maioria na Câmara dos Comuns.

Independente da renúncia de May, portanto, o dilema em que se transformou o Brexit seguirá sem solução no curto prazo.

E para o mercado, quanto antes isso for resolvido, melhor.

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