Criptomoedas

Gabriel Casonato: O que já sabemos sobre a criptomoeda do Facebook?

04 jun 2019, 16:06 - atualizado em 04 jun 2019, 16:06

Por Gabriel Casonato, editor do Agora Financial 

Caro leitor,

Nos últimos dias, uma notícia vem agitando os entusiastas de criptomoedas.

Não me refiro à disparada da mais famosa delas, o bitcoin, que segue rumo aos US$ 10 mil sem nenhuma referência que justifique o movimento.

Falo da informação divulgada pela BBC de que o Facebook (NASDAQ: FB) está se preparando para lançar no início do ano que vem sua própria cripto, batizada de GlobalCoin.

Segundo a matéria, o objetivo de Mark Zuckerberg é que a moeda digital seja um dos pilares de um sistema de pagamentos digitais que, a princípio, funcionaria em uma dezena de países.

Para isso, a empresa deve começar a testar a GlobalCoin ainda este ano, ciente dos riscos que envolvem a empreitada.

Os rumores sobre as ambições de criptografia de Zuckerberg começaram no ano passado, mas ganharam força no início deste mês.

Tudo graças à descoberta de que o Facebook é um dos maiores acionistas de uma empresa de blockchain recém-criada na Suíça.

Chamada de Libra Networks, a nova companhia utilizará tecnologia de ponta em pagamentos, análise de dados e atividades de investimento, além de desenvolver software e hardware relacionados.

Com mais de 2 bilhões de perfis registrados no mundo, o Facebook quer que seu sistema de pagamentos com moeda digital sirva para usuários que também não tenham conta bancária.

No melhor “estilo fintech”, a empresa – dona também do WhatsApp e do Instagram – busca quebrar barreiras financeiras, competir com bancos e reduzir custos de consumidores.

Conforme Mark disse recentemente, enviar dinheiro deveria ser “tão fácil quanto enviar uma foto”.

Condições para tornar isso realidade não faltam para o Facebook.

Resta saber se os reguladores, sempre muito vigilantes com a companhia, facilitarão ou não a vida de Zuckerberg em sua mais nova missão.

(Imagem: Pixabay)

De algum tempo para cá, o chefão do Facebook vem repetidamente insinuando seu desejo de melhorar e aumentar os serviços de pagamento da sua rede.

Embora a empresa tenha se recusado a comentar a matéria da BBC, evidências de que ela entrará muito em breve na cena de criptografia não faltam.

Além do investimento feito na suíça Libra Networks, ela contratou especialistas para desenvolver pagamentos em sua plataforma de mensagens WhatsApp…

Dentre eles, Mikheil Moucharrafie e Jeff Cartwright, duas das maiores autoridades do planeta em blockchain, que vieram da renomada exchange – nome dado às corretoras de criptomoedas – Coinbase.

Também lançou um recurso de compras no Instagram, possibilitando a compra de produtos e o gerenciamento de pedidos diretamente no aplicativo…

E segundo o Financial Times, até conversou com os gêmeos Winklevoss, fundadores da Crypto Exchange Gemini, famosos por processarem Zuckerberg por supostamente roubar sua ideia de uma rede social.

O negócio está tão avançado que Mark vem se encontrando com autoridades de diversos países para dar esclarecimentos e pedir conselhos.

No mês passado, ele se encontrou com Mark Carney, dirigente do Banco Central do Reino Unido, para falar sobre as oportunidades e os riscos que envolvem o lançamento de uma criptomoeda.

Além disso, pediu conselhos ao Tesouro americano sobre questões operacionais e regulatórias, e a companhias de transferência de dinheiro, como a Western Union, sobre maneiras fáceis e baratas para pessoas sem contas bancárias fazerem transações.

O cuidado com que o Facebook vem tratando a questão indica uma mudança importante de postura depois da série de episódios ligados a violações de privacidade e falta de transparência.

Ciente das críticas pelo modo como administra e preserva as informações pessoais de usuários, a empresa agora parece disposta a trabalhar junto com reguladores no lançamento de sua criptomoeda.

Um dos principais pontos discutidos neste sentido é o processo de checagem de identidade e como reduzir os riscos de lavagem de dinheiro.

Além disso, o Facebook e seus parceiros buscam maneiras de prevenir grandes flutuações cambiais atrelando a moeda a câmbios estabelecidos, como o dólar, o euro e o iene.

Faz sentido, considerando que a volatilidade acima da média das criptomoedas pode se transformar em um grande obstáculo para o sucesso da GlobalCoin.

De qualquer forma, estamos falando de um projeto que pode ser um dos eventos mais significativos na curta história das moedas digitais.

Algo que pode conferir ainda mais poder à companhia e aumentar o abismo existente entre ela e a concorrência.

A posição privilegiada que as gigantes de tecnologia ocupam no setor, aliás, é um dos motivos que me fazem permanecer otimista com o Facebook.

Lembre-se que, se a ação apenas voltar ao pico registrado em julho de 2018, estamos falando de um potencial de quase 20% de valorização.

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