Gabriel Casonato: Dólar a 4 reais… até quando?
Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil
Sempre que o dólar se aproxima ou supera os 4 reais…
O assunto ganha destaque na imprensa e vira até tema de conversas nas mesas de bar.
Isso tem uma razão de ser.
O patamar virou uma espécie de barreira psicológica para a moeda americana.
Desde a implantação do Plano Real, em 1994, o dólar atingiu 4 reais em apenas dois momentos:
– entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016;
– e de agosto deste ano para cá.
Em comum, ambos estiveram envoltos em um ambiente de forte tensão relacionada à política…
Mas também sabemos que existem outros fatores que interferem na cotação…
E que parte do movimento de alta atual é explicado por razões externas…
Notadamente a recuperação da economia americana…
E as perspectivas de novas elevações nas taxas de juros dos Estados Unidos.
Como o dólar tem fechado consistentemente acima dos 4 reais dia após dia, ficam os questionamentos:
Será que, desta vez, 4 reais é o novo normal e a moeda americana vai estacionar neste nível por algum tempo?
Quanto dessa alta se deve às eleições e quanto se deve aos fatores externos?
E se o dólar for a 5 reais, como nas projeções mais pessimistas de alguns analistas?
Não importa se você está programando uma viagem internacional…
Ou pensando em pedir para aquele seu amigo te trazer o novo iPhone de Miami…
As perguntas acima são extremamente relevantes não apenas para suas finanças pessoais…
Mas também para os seus investimentos e para o futuro da economia brasileira como um todo.
Sem dúvida, o cenário externo contribuiu para a forte alta do dólar frente ao real em 2018.
Ainda que não estivéssemos em ano eleitoral, a moeda americana provavelmente teria trilhado o mesmo caminho.
Logo no início do ano, quando o dólar estava em torno de 3,20 reais, houve uma mudança significativa no ambiente internacional.
O próprio Banco Central do Brasil chegou a manifestar que o cenário era “desfavorável e desafiador”.
Dali em diante, as divisas de praticamente todos os países emergentes se desvalorizam perante à americana.
E as razões vindas de fora para o fortalecimento do dólar ainda persistem.
Primeiro que a economia americana continua mostrando sinais muito fortes de recuperação.
O que já fez com que o Fed aumentasse as taxas de juros três vezes neste ano…
Com grandes chances de repetir a dose em dezembro.
Apenas para contextualizar o que já disse outra vez aqui…
Quando os juros nos EUA sobem, os títulos públicos do país se tornam mais atrativos…
De modo que os investidores tendem a migrar de aplicações mais arriscadas para eles, valorizando o dólar.
Lembrando ainda que esse movimento de alta gradual dos juros americanos começou em 2015…
Justamente o ano em que a barreira dos 4 reais foi rompida pela primeira vez.
Outro fator externo que vem pesando na cotação do dólar também já foi amplamente abordado por aqui.
Trata-se da guerra comercial que Trump trava contra a China, cujos desdobramentos ainda são incertos.
E para completar, as moedas dos países emergentes também apanharam por conta das crises na Turquia e na Argentina.
Portanto, acho muito difícil que no curto prazo o dólar volte àqueles 3,20 do início do ano.
Afinal, mesmo que o cenário no Brasil estivesse superpositivo, com tudo jogando a favor do real…
A moeda americana estaria num nível mais alto que os 3,20 só pelo ambiente externo.
Em outras palavras, o dólar a 4 reais pode sim ser o novo normal.
Vai depender de quem for o novo presidente e, principalmente, de qual será a política econômica adotada.