Opinião

Gabriel Casonato: Dólar a 4 reais… até quando?

30 set 2018, 14:32 - atualizado em 30 set 2018, 13:34

Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil

Sempre que o dólar se aproxima ou supera os 4 reais…

O assunto ganha destaque na imprensa e vira até tema de conversas nas mesas de bar.

Isso tem uma razão de ser.

O patamar virou uma espécie de barreira psicológica para a moeda americana.

Desde a implantação do Plano Real, em 1994, o dólar atingiu 4 reais em apenas dois momentos:

– entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016;
– e de agosto deste ano para cá.

Em comum, ambos estiveram envoltos em um ambiente de forte tensão relacionada à política…

Mas também sabemos que existem outros fatores que interferem na cotação…

E que parte do movimento de alta atual é explicado por razões externas…

Notadamente a recuperação da economia americana…

E as perspectivas de novas elevações nas taxas de juros dos Estados Unidos.

Como o dólar tem fechado consistentemente acima dos 4 reais dia após dia, ficam os questionamentos:

Será que, desta vez, 4 reais é o novo normal e a moeda americana vai estacionar neste nível por algum tempo?

Quanto dessa alta se deve às eleições e quanto se deve aos fatores externos?

E se o dólar for a 5 reais, como nas projeções mais pessimistas de alguns analistas?

Não importa se você está programando uma viagem internacional…

Ou pensando em pedir para aquele seu amigo te trazer o novo iPhone de Miami…

As perguntas acima são extremamente relevantes não apenas para suas finanças pessoais…

Mas também para os seus investimentos e para o futuro da economia brasileira como um todo.

Sem dúvida, o cenário externo contribuiu para a forte alta do dólar frente ao real em 2018.

Ainda que não estivéssemos em ano eleitoral, a moeda americana provavelmente teria trilhado o mesmo caminho.

Logo no início do ano, quando o dólar estava em torno de 3,20 reais, houve uma mudança significativa no ambiente internacional.

O próprio Banco Central do Brasil chegou a manifestar que o cenário era “desfavorável e desafiador”.

Dali em diante, as divisas de praticamente todos os países emergentes se desvalorizam perante à americana.

E as razões vindas de fora para o fortalecimento do dólar ainda persistem.

Primeiro que a economia americana continua mostrando sinais muito fortes de recuperação.

O que já fez com que o Fed aumentasse as taxas de juros três vezes neste ano…

Com grandes chances de repetir a dose em dezembro.

Apenas para contextualizar o que já disse outra vez aqui…

Quando os juros nos EUA sobem, os títulos públicos do país se tornam mais atrativos…

De modo que os investidores tendem a migrar de aplicações mais arriscadas para eles, valorizando o dólar.

Lembrando ainda que esse movimento de alta gradual dos juros americanos começou em 2015…

Justamente o ano em que a barreira dos 4 reais foi rompida pela primeira vez.

Outro fator externo que vem pesando na cotação do dólar também já foi amplamente abordado por aqui.

Trata-se da guerra comercial que Trump trava contra a China, cujos desdobramentos ainda são incertos.

E para completar, as moedas dos países emergentes também apanharam por conta das crises na Turquia e na Argentina.

Portanto, acho muito difícil que no curto prazo o dólar volte àqueles 3,20 do início do ano.

Afinal, mesmo que o cenário no Brasil estivesse superpositivo, com tudo jogando a favor do real…

A moeda americana estaria num nível mais alto que os 3,20 só pelo ambiente externo.

Em outras palavras, o dólar a 4 reais pode sim ser o novo normal.

Vai depender de quem for o novo presidente e, principalmente, de qual será a política econômica adotada.

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