Gabriel Casonato: Apple e Alphabet na disputa por bilhões da área de saúde
Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil
Caro leitor,
Quando você pensa em Apple e Alphabet, imagino que as primeiras coisas que vêm à cabeça são smartphones e a mais famosa plataforma de busca na internet.
Mais especificamente, iPhones e Google, os carros-chefes das duas gigantes globais de tecnologia.
A cada dia que passa, no entanto, o escopo de atuação de ambas as companhias vem se ampliando substancialmente.
Não apenas pelos pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mas também por uma demanda crescente de empresas em busca de tecnologia, seja para reduzir seus custos ou crescer a produtividade.
No momento, por exemplo, tanto Apple quanto Alphabet estão empenhadas para revolucionar a assistência de saúde e dar mais opções aos médicos, autoridades e laboratórios farmacêuticos.
A primeira apresentou resultados inconclusivos de um estudo para mostrar que o Apple Watch pode ser usado para detectar problemas cardíacos.
Já a segunda, através de sua subsidiária Verily, tem divulgado trabalhos para proporcionar mais rigor científico a aparelhos capazes de testar tratamentos e diagnosticar problemas de saúde.
Além disso, elas e outras empresas consolidadas concorrem com startups na área de tecnologia para revolucionar o mercado de ensaios clínicos.
Um mercado que movimenta nada menos que 65 bilhões de dólares ao ano, segundo a CB Insights.
Até órgãos de fiscalização, como a FDA (Food and Drug Administration), têm pressionado por uma maior colaboração e compartilhamento de dados, bem como pela adoção de novas tecnologias.
Importantes oportunidades terapêuticas correm o risco de sofrer atrasos ou ser descartadas porque as empresas do setor não têm condições de arcar com o custo dos ensaios para validá-las.
Tais ensaios são essenciais para a aprovação de novos tratamentos pelas autoridades fiscalizadoras, mas, em média, o processo pode custar até 2 bilhões de dólares por medicamento.
E é justamente por esse motivo que as grandes empresas de tecnologia, que estão extremamente capitalizadas, largam na frente na disputa pelos bilhões da área de saúde.
Um prêmio ainda maior do que aprimorar a eficiência dos ensaios clínicos é criar novas formas de diagnóstico e avaliar tratamentos por meio de aparelhos de uso comum das pessoas.
O Apple Heart Study, que anunciou no mês passado seus resultados preliminares, indicou que esses aparelhos podem ser usados para alcançar centenas de milhares de participantes.
Realizado pela Universidade de Stanford e pela Apple, o estudo, contudo, também colocou em evidência possíveis armadilhas.
Ele concluiu que o Apple Watch pode ser usado para detectar a fibrilação atrial, uma das principais causas de derrames, que muitas vezes fica escondida porque a pessoa não percebe os sintomas.
No entanto, apenas 34 por cento dos que foram notificados sobre uma possível fibrilação atrial a tiveram confirmada por testes de eletrocardiograma.
Os pesquisadores disseram que isso pode ocorrer por se tratar de uma condição intermitente, como pode também ser sinal de falsos positivos.
O que vai definir se a corrida para transformar os testes clínicos vai ser vencida pelas grandes empresas ou pelas startups é justamente isso.
Seu alcance, dados e capacidade para recrutar funcionários capazes de separar os sinais falsos dos verdadeiros – algo extremamente difícil no momento.
A Verily, da Alphabet, acredita que pode ser uma das vencedoras projetando um aparelho especificamente para ensaios, em vez de um bem de consumo comum, com menos supervisão sobre quem está usando e quando.
Pode ser uma opcionalidade bastante positiva a quem investe nas ações da empresa (NASDAQ: GOOGL) com foco no longo prazo.
O mesmo vale para os papéis da Apple (NASDAQ: AAPL), também na briga e que há tempos luta para reduzir a dependência de seu balanço das vendas do iPhone.
Gosto de ambas as opções para compor a carteira, conforme já disse aqui outras vezes.
Lembre-se que estamos falando de empresas sólidas, fortes geradoras de caixa e com números que as colocam em posição privilegiada para “arriscar” em outras áreas, como a de saúde.
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