G20 promete calibrar ritmo das altas de juros e evitar impactos indiretos
Os líderes das maiores economias do mundo concordaram em adotar a cautela em relação às elevações das taxas de juros a fim de evitar efeitos indiretos, e alertaram para o “aumento da volatilidade” nos movimentos cambiais, uma mudança radical em relação ao foco do ano passado em conter os efeitos da pandemia da Covid-19.
Em uma declaração de líderes assinada nesta quarta-feira, os membros do Grupo dos 20 (G20) disseram que a economia mundial está enfrentando “crises multidimensionais sem paralelo”, que vão desde a guerra na Ucrânia até o salto da inflação, que está forçando muitos bancos centrais a apertar a política monetária.
“Os bancos centrais do G20… estão monitorando de perto o impacto das pressões sobre preços nas expectativas de inflação e continuarão a calibrar apropriadamente o ritmo do aperto da política monetária de uma maneira dependente de dados e claramente comunicada”, disse o comunicado assinado após um encontro de dois dias da Cúpula do G20, em Bali.
Os bancos centrais também estarão atentos à necessidade de limitar os impactos indiretos, acrescentou o comunicado, em um aceno às preocupações das economias emergentes sobre o potencial de grandes saídas de capital se os aumentos agressivos dos juros nos Estados Unidos continuarem.
“A independência do banco central é crucial para atingir esses objetivos e reforçar a credibilidade da política monetária”, acrescentou o comunicado.
A ênfase na necessidade de conter a inflação contrastou com a declaração do G20 no ano passado, que disse que os bancos centrais deveriam evitar reações exageradas a aumentos transitórios da inflação.
Os líderes do G20 também pediram gastos fiscais “temporários e direcionados” para famílias de baixa renda particularmente vulneráveis ao aumento dos custos de vida. No ano passado, os líderes alertaram contra qualquer retirada prematura de suporte para garantir que a recuperação global permanecesse intacta.
A mudança de tom ressalta a rápida mudança no ambiente global e nas prioridades das autoridades, causada em grande parte pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro.
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