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Fusão entre Marfrig e BRF seria positiva, mas não livre de desafios

22 maio 2021, 10:19 - atualizado em 22 maio 2021, 10:33
BRF
A Marfrig e a BRF declararam em maior de 2019 que estavam estudando uma possível combinação de negócios, mas o processo foi cancelado poucos meses depois do anúncio (Imagem: BRF/LinkedIn)

A Marfrig (MRFG3) confirmou na noite de sexta-feira a compra de aproximadamente 24,23% de participação na BRF (BRFS3), alimentando novamente a possibilidade de uma combinação de negócios entre ambas as empresas do setor frigorífico.

Nenhuma das duas empresas confirmou estudos sobre uma potencial fusão. No entanto, alguns analistas já avaliam como positivo esse evento, caso aconteça.

A XP Investimentos relembra que a Marfrig e a BRF declararam em maior de 2019 que estavam estudando uma possível combinação de negócios, mas o processo não andou e foi cancelado poucos meses depois do anúncio.

Mesmo com o fracasso da primeira tentativa, a XP não descarta que a fusão, vista como positiva pela corretora, pode acontecer agora.

“Desde 2019, […] muita coisa aconteceu, com o evento da Febre Suína Africana piorando na China e criando uma das maiores oportunidades para empresas de proteína animal na história recente, especialmente aqueles focados em carne bovina e suína”, afirmam Leonardo Alencar e Larissa Pérez, analistas de Agro, Alimentos e Bebidas da XP.

A corretora destaca ainda que o desempenho das operações da Marfrig superou o da BRF em 2020, e a compra da QuickFood (empresa argentina da BRF) pela Marfrig não afetou o relacionamento entre as duas companhias.

Desafios

O maior desafio da potencial fusão Marfrig-BRF: culturas muito diferentes (Imagem: REUTERS/Bernadett Szabo)

Uma combinação de negócios entre Marfrig e BRF seria positiva, principalmente pela parte da diversificação entre as proteínas animais (a primeira empresa é 100% focada em carne bovina, enquanto a segunda trabalha com carne suína e de frango) e entre geografias (a Marfrig tem a maior parte da receita advinda das operações da América do Norte, enquanto a BRF tem foco no Brasil), diminuindo a percepção de risco da empresa resultante.

Por outro lado, as diferenças na cultura entre os dois nomes tornam o processo de fusão bem mais difícil de acontecer.

“Vemos duas culturas muito diferentes tentando se fundir, o que não é fácil de acontecer”, comentam Alencar e Pérez. “Pode parecer um detalhe pequeno, mas diante de empresas com DNAs diferentes podemos esperar diferentes culturas de gestão, diferentes métricas de desempenho e, portanto, uma fusão que pode nunca ter fim”.