Empresas

Incorporação entre Auren (AURE3) e AES Brasil (AESB3): Dividendos podem ser frustrantes, dizem analistas

16 maio 2024, 16:42 - atualizado em 16 maio 2024, 16:59
auren aes brasil fusão
BofA enxerga motivo para que papéis da AES Brasil avancem, enquanto Auren recua (Imagem: Pixabay)

Ontem (15), a Auren (AURE3) anunciou a incorporação dos ativos da AES Brasil (AESB3), mas analistas estão divididos com a notícia.

Os analistas Gustavo Faria e Arthur Pereira, do Bank of America (BofA), possuem classificação “underperform”, o equivalente à venda.

  • Auren (AUREN3) e AES Brasil (AESB3) se unem para criar 3ª maior geradora de energia do país: O que esperar desta operação?: Confira quais devem ser os impactos da união e o que fazer com as ações das empresas, segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research. É só clicar abaixo e assistir ao Giro do Mercado:

“Temos visões cuidadosas com relação à Auren e AES Brasil, já que vemos as duas sendo negociadas com valuations ricos, ao mesmo tempo em que há riscos de ganhos”, afirmam.

Eles complementam que o anúncio da fusão poderia pesar sobre as ações da Auren devido ao prêmio de avalização implícito oferecido e à possível frustração com os dividendos de curto prazo, enquanto poderia haver um suporte às ações da AES, já que os acionistas poderiam vender suas ações com um prêmio de 18%.

De fato, é o cenário enxergado às 16h09 desta quinta-feira (16). Enquanto as ações da AES subiam 2,32% durante o horário, os papéis AURE3 recuavam 2,08%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fusão entre Auren e AES Brasil tem pontos de atenção

Para Vladimir Pinto, Head de Energia e Saneamento, e Maíra Maldonado, analista de Energia e Saneamento, da XP Investimentos, o negócio é alinhado com a estratégia da Auren, com sinergias operacionais, de portfólio de energia e tributárias significativas a serem obtidas, mas a alavancagem deve aumentar significativamente com o negócio.

Entre os ganhos, estão a recuperação da disponibilidade de parques eólicos da AES Brasil, chegando a níveis próximos a 93-94% e ganho advindo de combinação de portfólios, com economia de impostos relacionados à amortização do ágio e ao uso do prejuízo fiscal corrente.

Para a XP, “a Auren já havia afirmado que, após a securitização de seus recebíveis com o governo federal, estava em busca de oportunidades significativas de aquisição. A AES Brasil parece se encaixar nessa estratégia”.

Como ônus no curto prazo, é citado que “a alavancagem da Auren deve aumentar significativamente, especialmente se os acionistas minoritários da AESB escolherem a opção de receber em caixa integralmente”.

Os analistas complementam que isso seria resolvido com as sinergias e a própria geração de caixa da Companhia.

Grupo AES deverá abandonar o Brasil

O analista Vitor Sousa, da Genial Investimentos, aponta que a adesão do grupo AES à terceira opção entre as trocas propostas (R$11,55/ação) fará com que o grupo deva abandonar o Brasil de maneira definitiva.

“O grupo controlador da Auren, com 4% de fatia na própria AES Brasil, já anunciou que deve exercer a primeira opção, aquela que vai acabar por levar a uma maior fatia de participação acionária dentro da própria empresa”, afirma.

A primeira opção é de 0,686138613861 ações AURE3 + R$1,115/ação, enquanto a segunda é 0,381188118811 ações AURE3 + R$5,775/ação.

Na opinião dos analistas, o primeiro ponto de atenção é que, para que os acionistas da AES aceitem em massa opções que envolvem troca de ações (opção 1 e 2), a premissa de que a Auren tem um preço justo de R$ 15,16/ação vs preço de fechamento das ações da AESB3 na noite de quarta, na casa dos R$ 12,03 teria que ser considerada.

“Em nossa interpretação preliminar seria mais racional por parte dos acionistas da AESB3 aceitarem a proposta 100% caixa e, por exemplo, usar os recursos para comprar ações da AURE3 se considerarmos que o preço vá ficar abaixo dos R$ 15,16/ação, resultando em uma maior quantidade de ações na nova empresa a ser formada versus o aceite da proposta 01, por exemplo”, complementa.

Segundo o relatório, o temor é que um endividamento de 4,9x Dívida Líquida/EBITDA pró-forma considerando como proposta o aceite de pelo menos 70% da base seja ainda maior, com a necessidade de caixa pressionando o endividamento da nova empresa.