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Fusão com EMS: Com prêmio de 17%, investir na Hypera (HYPE3) é ganho certo? Veja o que pensam analistas

22 out 2024, 12:56 - atualizado em 22 out 2024, 18:08
EMS-Hypera
(Imagem: Divulgação)

A última sessão da Hypera (HYPE3) foi de fazer inveja para qualquer novela mexicana, com reviravoltas, mocinhos e vilões.

A ação, que começou o dia despencando 17% após pacote de notícias ruins, incluindo descontinuação de projeções e resultados abaixo do esperado, fechou o dia em alta de 2% após a maior farmacêutica do Brasil, a EMS, oferecer uma proposta de fusão.

Fundada em 1964, a EMS conta com um portfólio de mais de 2.500 SKUs ativos. Reportou receita líquida de R$ 8 bilhões no segundo trimestre de 2024, enquanto o Ebitda, que mede o resultado operacional, foi de R$ 2,6 bilhões no mesmo período.

Se caso seguir em frente, a nova empresa nascerá com fatia de 17% do mercado, receita líquida de R$ 15,9 bilhões, Ebitda de R$ 5,5 bilhões e valor patrimonial combinado de R$ 47,5 bilhões. Hoje (22), HYPE3 terminou a sessão com alta de 7,45%, a R$ 28,11.

Pelos termos da negociação, a nova companhia permaneceria listada no segmento Novo Mercado da B3. Porém, o investidor de Hypera poderia aproveitar uma oferta pública voluntária de aquisição de até 20% das ações da HYPE3 avaliadas em R$ 30. Ou seja, de cara sairia com um prêmio de 17% em relação ao fechamento de ontem.

Os diretores devem consistir em nove membros, incluindo cinco nomeados pela EMS e quatro nomeados pela Hypera. A equipe de gestão será composta por executivos de ambas as empresas.

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Conselho da Hypera pode rejeitar proposta

Apesar disso, o negócio ainda precisa de aprovação e pode esbarrar no conselho da Hypera, que atualmente não possui controlador definido. O empresário João Alves de Queiroz Filho tem a maior fatia, com 21%, seguido pela Maiorem.

Segundo Valor Econômico, os controladores da Hypera recusaram uma fusão com a EMS em 2022 porque teriam menos de 50% de participação (a proposta agora é de 40%).

No cenário do Bradesco BBI, provavelmente o conselho rejeitará a oferta, dado:

  • a falta de prêmio de controle,
  • o Ebitda dos últimos 12 meses da Hypera está abaixo do normalizado devido aos fracos resultados no primeiro semestre de 2024,
  • a Hypera anunciou um plano de otimização de capital de giro que pode gerar valor significativo,
  • a oferta à vista de R$ 30/ação está quase 40% abaixo da máxima histórica do papel, atingida em 2022.

O Itaú BBA também lembra a HYPE3 já esteve em um patamar muito mais alto “Acreditamos que não é óbvio que a oferta pública seja aceita a R$ 30/ação”.

O que os analistas acharam?

Na visão dos analistas, a nova empresa nasce com sinergias importantes. O Safra cita quatro méritos que a operação pode trazer. São eles:

  1. crescimento da receita – otimização do portfólio, oportunidades de crossselling e otimização de esforços comerciais e de upselling;
  2. custos, maior poder de compra de matéria-prima e embalagem e racionalização da produção;
  3. menores despesas com marketing, equipe de vendas e otimização de frete;
  4. ganhos de escala em capex (investimentos) e pesquisa e desenvolvimento;

O Goldman Sachs vê como ponto positivo que o crescimento do Ebitda da EMS tenha ocorrido em um ritmo sólido (17% de 2020 a 2024) e lucratividade saudável (margem Ebitda de 35%) com uma posição de liderança no mercado (9,6% de participação de mercado, ante os 8,5% da Hypera em 2023).

Por outro lado, a empresa possui participação relevante em genéricos (42%, contra 13% da Hypera) em seu mix de vendas, que possui ambiente competitivo estruturalmente acirrado com barreiras de entrada mais baixas.

Nos cálculos do BBA, a nova companhia estaria rodando com um preço sobre lucro de 10,5x para 2026, desconsiderando as sinergias, com um lucro líquido de R$ 4,7 bi em 2026.

“Em nossa visão, o acordo faz sentido de uma perspectiva operacional, pois pode criar um player líder no segmento farmacêutico com oportunidades de sinergia que podem aumentar a lucratividade da empresa combinada, poder de barganha com fornecedores e clientes e posicionamento estratégico”, diz.

Ademais, o Cade (Conselho de Administração e Defesa Econômica) não seria um grande problema, pois as empresas não parecem ter uma sobreposição de portfólio (com a EMS focada principalmente em genéricos e a Hypera em medicamentos OTC).

O Bradesco BBI, apesar de achar que a operação não vai para frente, vê a combinação como positiva dado que:

  1. um investidor estratégico vê o preço atual de suas ações como atraente e
  2. se o negócio for concluído, há um potencial significativo de upside a partir das sinergias.