Fusão Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)? Conversas com a Abra ‘seguem evoluindo’, diz aérea
A Azul (AZUL4) afirmou que está mantendo conversas independentes com a Abra, holding controladora da Gol (GOLL4), as quais seguem evoluindo. No entanto, em esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta sexta-feira (10), a companhia reitera que, até o momento, não foi formalizado qualquer acordo sobre operação de parceria ou combinação de negócios com a Gol.
O comunicado ocorre após notícia do Valor Econômico informar que Azul e Gol devem assinar um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) nas próximas semanas para discutir as condições de uma possível combinação de negócios.
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Vale lembrar que a possibilidade de fusão entre as duas aéreas é comentada desde o final do ano anterior e a Azul já havia sinalizado o andamento de conversas com a Abra. Nesta sexta, a aérea destacou que o único acordo formalizado entre as companhias até então é o de codeshare — acordo no qual compartilham um mesmo voo.
Para o BTG Pactual, um MoU seria uma manifestação natural de intenção por ambas as partes para que o negócio aconteça, o que apontam como um ponto de partida importante. No entanto, destacam que são necessárias mais informações para avaliar adequadamente os prós e contras dessa movimentação.
“O negócio parece complexo, especialmente em relação às aprovações regulatórias, necessidades de capital e governança. No entanto, as quedas das ações das companhias em termos de valuation pós-covid e o estresse recente no câmbio podem ter fornecido a força motriz para que o acordo avance”, avaliam os analistas.
Fusão entre Azul e Gol: quem sairia beneficiada?
Ygor Bastos, analista de aéreas da Genial Investimentos, calcula que, combinadas, Azul e Gol somariam uma receita de R$ 37,7 bilhões, enquanto a soma das participações no mercado doméstico seria de 61%
Nas contas da casa, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado seria pelo menos R$ 10,6 bilhões e a dívida líquida total de R$ 52,1 bilhões, resultando em uma alavancagem de 4,9 vezes.
Bastos pondera que a possível fusão pode gerar uma mudança significativa no mercado de aviação brasileiro, consolidando o setor aéreo e criando uma companhia aérea de maior escala.
Apesar disso, ele chama atenção os balanços frágeis, os desafios regulatórios e operacionais, que podem atrasar ou limitar a concretização do acordo.
“Dado o momento delicado do setor, o acordo pode ser potencialmente mais favorável para o vendedor, no caso a Abra/Gol do que para a Azul” conclui o analista.