Fusão Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): BTG Pactual avalia o que esperar do acordo sem precedentes
Conforme já vinham sinalizado em comunicações ao longo de 2024 e já nos primeiros dias de 2025, Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) avançaram no processo de uma possível fusão entre as aéreas. Conforme anunciado ao mercado na quarta-feira (15), a Azul assinou um Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) com a Abra Group, holding controladora da Gol.
O BTG Pactual destaca que a concretização da fusão representa um movimento estratégico para consolidar dois grandes nomes do mercado de aviação brasileiro, sendo este um acordo sem precedentes na indústria de aviação brasileira.
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Caso a fusão seja concluída, Azul e Gol manterão seus certificados operacionais independentes, no entanto, atuando sob uma única empresa resultante listada. Ou seja, na prática, será uma empresa — presente na Bolsa — com duas companhias aéreas, mantendo as bandeiras já conhecidas.
A nova companhia seguirá o modelo de “corporation”, sendo assim, uma empresa sem controlador definido, com a Abra sendo a maior acionista. No entanto, a definição dos percentuais exatos de participação de cada aérea depende do fim do Chapter 11 da Gol.
A fusão das duas empresas resultaria em uma participação de cerca de 60% no mercado doméstico, ultrapassando os 40% da concorrente Latam, conforme dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Vale lembrar que a Azul possui uma frota que inclui jatos regionais da Embraer e aviões de corredor único e duplo da Airbus. Já Gol utiliza exclusivamente aeronaves Boeing 737.
“Ao aproveitar a frota flexível e a rede regional da Azul e a extensa presença doméstica da Gol, a fusão visa impulsionar sinergias operacionais e melhorar a oferta aos clientes. Isso também criaria oportunidades para um crescimento internacional acelerado, posicionando a nova empresa como uma concorrente mais forte dentro do Brasil e da América Latina”, avalia o BTG.
Principais sinergias do acordo
Após participar de reunião promovida pela Azul com analistas do mercado, o BTG Pactual aponta ênfase da companhia em que as sinergias mais substanciais estão na perspectiva da receita.
Os analistas destacam ainda a expansão de malha aérea e otimização da frota, sendo que a nova empresa teria cerca de 200 destinos.
“Dito isso, as rotas RJ-SP podem ser otimizadas. Por exemplo, planejam ter mais aeronaves Embraer em Santos Dumont e Congonhas quando a demanda de voos for baixa. Por outro lado, poderiam realocar esses Boeing 737 e A320 para rotas de maior alcance com maior volume de passageiros em todo o país”, ponderam os analistas.
Segundo o banco, a Azul também mencionou uma grande diferença de preços entre os três principais nomes no mercado de aviação brasileiro, dando à nova empresa melhores condições de precificação após a fusão.
Partindo para um lado de benefício fiscal, tendo em vista que a malha aérea da Gol cobre 55 cidades e a Azul possui 160 destinos, esta última pode capturar mais amplamente os créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ao comprar combustível, apontam os analistas.
A combinação dos negócios proporcionaria ainda uma malha aérea maior e mais otimizada, na visão do BTG, uma vez que poderia adicionar mais rotas internacionais para os Estados Unidos e Europa, partindo do Centro-Oeste e do Nordeste do Brasil.
“No total, a nova empresa seria vista como uma plataforma única que oferece alto valor e melhores preços”, comentam.
Receita combinada em US$ 8 bilhões
Segundo o BTG, o principal ponto destacado pela administração é que a receita combinada das duas empresas totaliza algo próximo a US$ 8 bilhões.
Em média, as sinergias variaram em torno de 3% a mais de 7% das receitas combinadas, com uma mediana de 6,3%.
Usando esta última como ponto de partida, o BTG calcula cerca de US$ 500 milhões em sinergias totais, que a administração da Azul afirmou que deveriam ser capturadas em 65% dentro de 12 meses após o acordo, alcançando 75% dois anos depois.
Combinação da Azul e Gol vai passar no antitruste?
As companhias estão confiantes que sim, segundo o BTG Pactual. Os analistas acreditam que a disposição de operar as duas marcas de forma independente, evitando o desgaste com os clientes, será um fator extremamente importante nesse aspecto.
“Como já escrevemos antes, existem alguns mercados regionais de companhias aéreas na América do Sul com muito maior concentração de mercado do que o Brasil, o que também deve funcionar como um elemento de apoio para a aprovação do acordo”, ponderam.
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