Furnas vê lucro disparar com revisão tarifária e indenização, apesar de crise hídrica
A estatal Furnas, subsidiária da Eletrobras (ELET3;ELET6), registrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais na primeira metade do ano, alta de 842% versus mesmo período de 2020, apesar do cenário desafiador com crise hídrica e pandemia, disse à Reuters nesta quinta-feira o presidente da empresa, Clóvis Torres.
O resultado foi alcançado principalmente pela revisão tarifária e pelo reconhecimento da parcela de remuneração da RBSE –devida a empresas de transmissão de energia pela renovação antecipada de seus contratos em 2012–, além do aumento no indexador da atualização monetária.
“O reservatório (da hidrelétrica de Furnas) está em níveis baixos, não está no mínimo histórico… Nossos ativos estão nessa situação. Há perdas, mas a empresa está muito bem financeiramente falando”, disse Torres, que assumiu a liderança na estatal em junho.
“Tudo o que foi contratado será entregue.”
Também contribuíram com o resultado do primeiro semestre redução de custo e alongamento da dívida. Furnas atingiu o indicador dívida líquida sobre Ebitda Ajustado de 0,7 vez no fim de junho deste ano, ante 1,4 vez em igual período de 2020. Com isso, houve queda nas despesas financeiras.
“Isso nos deixa em posição privilegiada para apoiar o processo de capitalização da Eletrobras, com perspectivas de investimento futuro”, disse Torres.
Crise hídrica
Furnas atualmente tem cerca de 95% de sua matriz de fonte hídrica e, por isso, tem sido afetada pela maior estiagem em reservatórios em hidrelétricas no Brasil em mais de 90 anos.
Torres pontuou que a gestão da vazão da hidrelétrica de Furnas em Minas Gerais, assim como o uso da capacidade de geração da usina seguem determinações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Atualmente, o nível do reservatório da hidrelétrica está em 755,8 metros acima do nível do mar, o equivalente a 22% do volume útil, sendo que a mínima histórica foi de 751,9 metros (6,28% do volume útil), em 1999.