Furioso com o Brexit, escritor britânico obteve cidadania irlandesa pouco antes de morrer
John le Carré, o romancista britânico que colocou espiões imperfeitos no tabuleiro de xadrez desolador da Guerra Fria, ficou tão desiludido com a votação que aprovou a separação do Reino Unido e da União Europeia em 2016 que obteve a cidadania irlandesa pouco antes de morrer.
David Cornwell, seu nome verdadeiro, descobriu ter raízes irlandesas e obteve a cidadania antes de falecer no ano passado aos 89 anos.
Seu filho, Nicholas, disse à rede BBC que o desencanto de Le Carré com o Reino Unido moderno e o Brexit em particular motivou a busca da cidadania irlandesa. Em uma foto, disse seu filho, Le Carré se enrola em uma bandeira da Irlanda e sorri.
Ele não usava meias palavras ao falar sobre o Brexit, comparando-o à crise do Canal de Suez de 1956, que confirmou a perda de poder global do Reino Unido pós-imperial.
“Esta é, sem dúvida nenhuma, a maior catástrofe e a maior imbecilidade que o Reino Unido perpetrou desde a invasão de Suez”, disse Le Carré a respeito do Brexit. “Ninguém tem culpa além dos próprios britânicos, não os irlandeses, não os europeus.”
“A ideia, para mim, de que no momento deveríamos imaginar que podemos substituir o acesso à maior união comercial do mundo pelo acesso ao mercado americano é aterrorizante.”
Os oponentes do Brexit acreditam que ele enfraquecerá o Ocidente, diminuirá ainda mais a influência britânica no mundo, empobrecerá as pessoas e reduzirá seu cosmopolitismo.