Fundos no curto prazo, tradings no médio. Açúcar tem novo fôlego em canal de baixa
Os repiques de alta do açúcar em Nova York não encontram nenhum apoio em fundamento. São operações de day trade e de swing trade misturadas.
Vira e mexe tentam colocar o petróleo como pano de frente, mas é pouco crível. Mesmo porque, no Brasil, fiel da balança nessa equação petróleo X açúcar, não tem mais relação com produção de etanol. A safra praticamente está encerrada e o bicombustível sobe mesmo pela quebra da oferta e estoques curtos para serem carregados por cinco meses.
Nesta quinta (4), inclusive, o barril do Brent desandou, em 1,33% de queda, e desceu para a casa dos US$ 80, mas o açúcar escalou 1,29%, para 19,63 centavos de dólar por libra-peso.
“Os operadores sabem que há um canal de baixa no março 22 e conhecem os limites”, traduz Maurício Muruci, da Safras & Mercado.
Esses operadores são os fundos especulando no day trade e as tradings no swing trade. Dos primeiros, não há o que falar, estão aí para trocas de posições no mesmo dia, quando muito de um dia para o outro.
Dos demais, que visualizam as operações em dias ou semanas – no caso atual do açúcar, está descartada a eventualidade de meses -, há uma tentativa de levarem ao máximo de tempo um teto acima dos 19 c/lp, antes que os fatores de pressão se apresentem definitivamente.
E os limites conhecidos, como diz Muruci, são as chuvas na entressafra da cana no Brasil que deverão ser boas, promovendo uma parcial recuperação da safra 22/23 – de 515 para 540 milhões de toneladas, diz a Safras -, e as entregas de açúcar da Índia e da Tailândia, em andamento, fecharão em fevereiro com bons resultados.
O analista observa o primeiro país com em torno de 36 milhões/t de açúcar (saindo de 30) e a Tailândia com ganho de 70%, para 12 milhões/t. “E exportando 10 milhões/t”, acrescenta.
Mesmo sem açúcar sendo produzido no Brasil de novembro a final de março, tem commodity dos concorrentes sobrando.