Fundos imobiliários sentem efeito cascata da Americanas (AMER3); É hora de vender cotas?
Não se fala em outra coisa no mercado financeiro desde ontem à noite (11) a não ser o rombo de R$ 20 bilhões detectado na Americanas (AMER3), que culminou na renúncia do presidente recém-empossado, Sérgio Rial, e do diretor financeiro e de relações com investidores, André Covre. As “inconsistências contábeis” encontradas na companhia também pegam em cheio os fundos imobiliários.
Isso porque alguns FIIs alugam galpões logísticos e imóveis para a Lojas Americanas, como também tem papéis atrelados à companhia. Como resultado, alguns FIIs são penalizados na bolsa brasileira com o rombo na varejista.
Em meio às incertezas do futuro da companhia, o índice referência do setor na B3 (Ifix) opera em queda nesta quinta-feira (12), puxado justamente por um fundo que aluga galpões para a varejista.
Quais FIIs podem ter impactos com rombo da Americanas?
Tendo a Americanas como inquilina, o fundo do segmento de logística GGR Copevi Renda (GGRC11) lidera as perdas no dia, perto de 4%. O analista da Empiricus Research, Caio Araujo, comenta que o galpão locado para a varejista tem 90 mil metros quadrados e fica em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Além disso, o aluguel tem representatividade importante na receita do fundo, próximo de 20%.
“Porém, esse contrato com o fundo é atípico, com um vencimento mais longo. Com uma eventual saída da Americanas, tem a multa contratual e uma fragilidade de contrato inferior”, diz o sócio e head de fundos imobiliários da Acqua Vero Investimentos, Gabriel Fiorillo.
Entretanto, ele destaca que o impacto é de curtíssimo prazo, com tendência para ser revertido rapidamente, mas tendo oscilações nos próximos dias. Ele cita outro fundo impactado pelo risco do rombo na Americas, o VBI Logístico (LVBI11), que também está entre os FIIs que mais caem no pregão.
“É um movimento especulativo porque não há nenhum indicativo de que a Americanas irá rescindir contratos com os fundos”, ressalta Fiorillo. Ele acrescenta que o fundo de renda urbana Max Retail (MAXR11) aluga imóveis para lojas físicas da Americanas e reforça que, apesar da queda de mais de 2%, tem uma liquidez bem menor.
“O impacto dos FIIs é bem menor do que as ações e acho que investidores não devem se preocupar tanto porque fundos imobiliários têm um portfólio um pouco mais seguro. É uma parte pequena do negócio”, diz.
Araujo, da Empiricus, ainda cita os fundos BTG Pactual Logística (BTLG11), Vinci Imóveis Urbanos (VIUR11), Bresco Logística (BRCO11) e o XP Log (XPLG11) que têm imóveis locados para a Americanas. Porém, não são apenas fundos de tijolo e de logística que estão expostos ao rombo de R$ 20 bilhões da varejista.
Fundos de papel são pontos de atenção
O gestor da TRX Investimentos, Luiz Augusto do Amaral, ressalta que fundos imobiliários de varejo ou de logística têm bons imóveis e que, em uma situação limite com a Americanas, teriam bons novos inquilinos. “Não acho que logística e tijolo sejam problemas. Mas eu teria mais atenção em fundos de papel que assumiram dívidas lastreadas em contratos da Americanas”, explica.
Ele observa que, nesse caso, o cenário fica mais desafiador porque entra em execução de garantias. “Mas com fundos imobiliários não têm problema, isso é seguro. O cenário é totalmente diferente para o acionista da companhia do que para um cotista de fundo que têm exposição à Americanas, seja de papel ou de tijolo. Eles devem pagar o aluguel dos imóveis em dia, mas se houver atraso, o gestor do fundo irá se movimentar para isso”, comenta.