Fundos imobiliários: Quedas constantes revelam oportunidades no mercado, dizem especialistas
Novembro estendeu para mais um mês o desempenho negativo do Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX), sendo a terceira baixa consecutiva, com recuo de 2,11%. No ano, a queda é ainda mais acentuada de 5,26%. Com isso, especialistas do mercado enxergam este momento como uma oportunidade.
O penúltimo mês do ano foi marcado por diversos eventos e dados. Nos primeiros dias, o investidor acompanhou a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas e mais cortes nos juros dos EUA, enquanto por aqui tivemos uma alta de 0,50 ponto percentual e o anúncio das medidas fiscais.
Com isso, os mercados reagiram de formas intensas às incertezas colocadas no caminho. Os juros futuros chegaram a atingir 14%, enquanto o dólar ultrapassou os R$ 6. As NTN-Bs também tiveram seu momento de estresse e superaram os 7%.
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A aversão ao risco, portanto, toma conta dos mercados, ao passo que esse receio também acaba depreciando o preço dos ativos de maior risco. E o pior: sem uma previsão para mudança de humor no mercado, no momento.
Para o Artur Carneiro, sócio fundador da Éxes Investimentos, títulos públicos atrelados à inflação aumentam a competitividade com os fundos imobiliários e geram uma marcação negativa ao mercado. No entanto, ele vê a isenção tributária ainda como uma grande vantagem no setor, além das gestões ativas.
Entre os FIIs é muito comum que os fundos tenham um grupo de pessoas realizando análises constantes do mercado, ajustes na alocação de ativos e decisões estratégicas para aumentar a valorização das cotas e a distribuição de rendimentos.
Neste ponto, Jefferson Honório, sócio da Brio Investimentos e gestor do fundo Brio Multiestrategia (BIME11) também destaca a gestão dos fundos com um diferencial do setor.
“Esses fundos são geridos por profissionais de mercado que têm liberdade de movimentar a carteira e capturar esses movimentos ao longo do tempo, eu acho que numa janela mais longa eles têm o potencial de entregar um diferencial de retorno significativo”, pontua Honório.
Além disso, o gestor avalia que apesar do “momento ruim” esta é uma boa oportunidade de entrada nesse tipo de ativo, já que os preços estão mais atrativos.
É hora de investir nos fundos imobiliários?
Honório enfatiza que entre os fundos imobiliários dos setores de logística e shoppings é possível encontrar oportunidades devido ao bom momento de ambos. São normalmente fundos de boa qualidade e com resultados consistentes.
Outro destaque são os fundos de papel, também conhecidos como recebíveis, que são considerados uma opção defensiva para carteiras em tempos de incerteza, já que se aproveitam das altas taxas na renda fixa.
“Importante ter uma carteira mais diversificada, com uma exposição a ativos de recebíveis – que eu acho que são ativos mais seguros e que hoje já estão em um patamar de preços bastante atrativos – e eu acho válido os ativos de tijolo, eu acho que eles devem compor a carteira do investidor, mas numa lógica de mais longo prazo, uma alocação estrutural”, explica o gestor.
Aos cotistas que estão se perguntando o que fazer com as frequentes quedas nas cotas, os profissionais aconselham “manter a calma” e focar a sua estratégia no longo prazo, aproveitando essas boas oportunidades de compra para diversificar a sua carteira de investimentos.
E como ficam os Fiagros?
Embora o setor de agro enfrente desafios significativos, como a recuperação judicial de grandes empresas, como foi o caso da Agrogalaxy (AGXY3), Carneiro também identifica um ponto de entrada nesses ativos.
O executivo avalia que devido aos descontos patrimoniais substanciais nos Fiagros que foram afetados, o momento é de compra, com o cuidado em avaliar se o ativo é consistente. Ele faz, inclusive, a analogia com o caso das Lojas Americanas nos fundos de renda fixa e sugere que a aversão ao risco pode gerar retornos interessantes no futuro.