Fundos imobiliários: Dois meses após início da crise, Americanas (AMER3) tenta colocar ordem na casa
O fundo imobiliário XP Log (XPLG11) informou ao mercado que a Americanas (AMER3) pagou todo o aluguel de fevereiro e que venceu este mês.
O valor exato do pagamento não foi informado pelo fundo, mas refere-se a um galpão em Seropédica, no Rio de Janeiro, alugado para a B2W Digital.
Porém, no mês passado, o XP Log informou que a Americanas tinha um débito de R$ 807.351,69 e havia pago R$ 509.906,33 correspondente a 12 dias de aluguel de janeiro, com vencimento em fevereiro.
No comunicado divulgado ontem à noite, não ficou claro se a varejista ainda tem débitos com o fundo imobiliário. O impacto da Americanas nas receitas do XP Log é de cerca de 6,5%.
Americanas pagou aluguel a outro fundo imobiliário
Na semana passada, outro fundo imobiliário, o GGR Copevi (GGCR11), informou que a varejista quitou todo o aluguel também de fevereiro. A locação tinha vencimento para este mês.
O fundo disse que recebeu pouco mais de R$ 1,5 milhão pelo aluguel do imóvel em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O valor tem impacto de cerca de R$ 0,19 por cota.
Entretanto, o GGRC11 disse que a parcela de janeiro e que está vencida desde o início de fevereiro segue sem pagamento e que não medirá esforços para preservar os direitos do fundo e dos cotistas.
Contudo, no fim de fevereiro, a Americanas foi alvo de um processo de despejo pelo VBI Logístico (LVBI11) pela falta de pagamento de parte do aluguel de janeiro e que venceu no início do mês passado.
Segundo o fundo, a ação de despejo foi ajuizada pela Aratulog, empresa que o LVBI11 detém 70% do capital, com declaratória de rescisão contratual. O processo corre na 4ª Vara Cível e Comercial de Salvador.
Índice de fundos imobiliários
O índice de fundos imobiliários (Ifix) da B3 fechou em alta, dando fim à sequência de seis pregões seguidos de queda.
Com isso, o Ifix encerrou em leve alta de 0,08% nesta terça-feira (14), aos 2.775 pontos, ainda nos menores níveis desde dezembro. Mas segue distante da marca acima dos 2.800 pontos.
Entre os fundos imobiliários, o destaque de alta foi o Devant Recebíveis (DEVA11) ao subir 3,73%. O XP Log foi um dos FIIs que mais subiu no pregão (+1,54%).
Em contrapartida, o Hectare CE (HCTR11) engatou o sétimo pregão seguido de desvalorização (-4,41%) e mais uma vez liderou as quedas. Na semana passada, o FII foi o que mais caiu na semana, com tombo de 15,6%. No mês, é o que mais cai, quase 25%.
Por que o HCTR11 cai tanto?
Para o analista da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, a sequência negativa do Hectare está atrelada à perspectiva de aumento de risco de crédito doméstico. “O fundo possui uma carteira high yield, com maior exposição a crédito de menor qualidade”, comenta.
Na semana passada, a Forte Securitizadora quitou os débitos que tinha com o fundo de juros e amortização de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) vencidos em 22 de fevereiro.
“Caso este cenário de dificuldade financeira persista, o fundo pode ser penalizado na inadimplência e, consequentemente, nos proventos. Com isso, há também uma reação volumosa do mercado quando vemos fluxo de investidores, um ‘efeito manada'”, avalia.