Fundos imobiliários despencam até 18% após calotes envolvendo CRIs
O fundo imobiliário XP Properties (XPPR11) liderou as altas no pregão desta quarta-feira (29), entre os fundos listados no índice de referência do setor (Ifix), e teve ganhos de 4,61%.
Além de vender R$ 200,7 milhões em ativos na semana passada para um fundo do BTG Pactual, o XPPR11 fechou um contrato de aluguel reduzindo a sua taxa vacância.
Aquisições movimentam mercado de fundos imobiliários
Em comunicado, o FII disse que assinou com a Rec Faria Lima Empreendimentos e a Rec 2017 Empreendimentos o contrato de locação do 11º andar do Edifício Faria Lima Plaza, em São Paulo. A vigência do contrato, assinado em 24 de março, será de 48 meses (ou quatro anos).
Além disso, o imóvel locado tem área total de (BOMA) de pouco mais de mil metros quadrados. Segundo o XPPR11, com o aluguel do pavimento, a ocupação total do Faria Lima Plaza alcança 64%. Por outro lado, a taxa de vacância recua de 46,4% para 46%.
Sendo assim, a receita bruta da locação, considerando o total recebido nos primeiros 24 meses e a proporção de 30% da REC 2017, que é objeto de aquisição indireta pelo fundo, é estimada em R$ 0,13 por cota.
Enquanto a receita mensal bruta com o aluguel, sem considerar a correção inflacionária, prevista é de R$ 0,0074 por cota.
Índice de fundos imobiliários
O índice de fundos imobiliários (Ifix) levou um tombo na Bolsa brasileira puxado pela derrocada de fundos de papel.
Com isso, o Ifix fechou em queda de 0,70%, aos 2.744 pontos, no menor nível desde 28 de março do ano passado. O volume de negócios foi alto, sendo o terceiro do mês.
4 fundos imobiliários afundam
A forte queda do índice foi impulsionada pelo tombo de quatro fundos imobiliários: o Devant Recebíveis (DEVA11), Versalhes Recebíveis (VSLH11), Hectare CE (HCTR11) e Tordesilhas EI (TORD11). Eles caíram 18,03%, 13,43%, 13,37% e 9,68%, nessa ordem.
Os FIIs divulgaram hoje, por meio de fatos relevantes, que a Forte Securitizadora (Fortesec) não fez o pagamento de Certificados Recebíveis Imobiliários (CRIs) vencidos em 20 de março. Segundo os fundos imobiliários, “não há qualquer notícia do adimplemento de tais obrigações”.
O HCTR11 listou 28 instrumentos financeiros em atraso, enquanto o VSLH11 listou 16. Já o TORD11 reportou cinco instrumentos financeiros e por sua vez, o DEVA11 listou calote de 22 operações.
Desde segunda-feira, o mercado reage negativamente à decisão da justiça, na semana passada, de que o grupo gaúcho Gramado Park (GPK) ficará suspenso por 60 dias de pagar recebíveis à Fortesec. Essas operações reportadas pelos quatro fundos imobiliários envolvem CRIs da GPK, já que eles são emitidos pela securitizadora.
O analista da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, comenta que em momento de deterioração dos indicadores econômicos, a capacidade de crédito da contraparte diminui. “Isso causa inadimplência e/ou necessidade de renegociação de dívidas”, comenta.
Ele diz ainda que o cenário caminha para uma atuação das gestoras na execução das garantias desses créditos, no caso, os CRIs. Contudo, é algo que também exige uma negociação mais delicada e um contexto judicial. Como é o caso da GPK.
“Enquanto a taxa de juros estiver nesse patamar [mais alto, com a Selic a 13,75%], os fundos continuarão com volatilidade, mas concentrado no segmento high yield”, avalia.