Fundos de investimentos têm resgate líquido de R$ 127,9 bilhões em 2023; qual a perspectiva para este ano?
Os fundos de investimentos registraram resgate líquido de R$ 127,9 bilhões em 2023, mostram dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Dezembro registrou o pior desempenho do ano, com captação negativa de R$ 74,5 bilhões.
A Associação aponta que as maiores perdas de dezembro ocorreram na classe renda fixa e multimercados, que apresentaram captação negativa de R$ 49,3 bilhões e R$ 32,4 bilhões, respectivamente. Já os fundos de ações registraram captação positiva pela quarta vez consecutiva, de R$ 4,3 bilhões.
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O analista Mateus Haag, da Guide Investimentos, diz que, analisando os resgates em porcentagem do patrimônio, os fundos multimercados foram os mais afetados, provavelmente pelo desempenho fraco em 2023, em que a maioria das classes de fundos multimercados teve desempenho abaixo do CDI em 2023.
Além disso, ele destaca que os fundos de ações também tiveram um ano difícil, com resgates representando quase 4% do patrimônio. Os fundos tiveram desempenho médio de ~20% ante alta de 22% do Ibovespa.
“Olhando para frente, acreditamos que a onda de resgates deve terminar em 2024. Historicamente, a captação foi impactada por juros (quanto menor, maior a captação) e desempenho histórico. Os juros devem continuar caindo em 2024 e o desempenho da maioria dos fundos vem melhorando nos últimos meses”, explica.
Destaques positivos e negativos dos fundos de investimentos em 2023
Em relação aos resultados no ano, a Anbima aponta que as maiores perdas na captação foram dos multimercados, com R$ 134,3 bilhões. Já na classe renda fixa registrou perda líquida no ano de R$ 59,8 bilhões. Os tipos Duração Baixa Grau de Investimentos (de maior PL da classe) e Duração Livre Grau de Investimento apresentaram captação líquida negativa de R$ 43,2 bilhões e R$ 38,1 bilhões, respectivamente.
Na classe ações, os dados da Associação mostram uma saída líquida de R$ 17,0 bilhões em 2023, a maioria concentrada no tipo Ações Livre, de maior PL, que registrou perda de R$ 21,6 bilhões.
“Vale ressaltar que os resultados de outubro e novembro dos fundos de ações foram impactados por uma transferência de valores entre fundos, resultando na entrada concentrada de R$ 12,8 bilhões em outubro e R$ 8,5 bilhões em novembro”, explica a Associação.
Já os melhores resultados no ano ocorreram entre os estruturados. A Associação aponta que os Fundos de Investimentos de Participações (FIPs) apresentaram captação positiva de R$ 42,1 bilhões. Já os FIDCs registraram captação líquida de R$ 24,1 bilhões.
Para Igor Cavaca, líder de gestão de investimentos na Warren, a significativa alteração no fluxo de investimentos parece estar ligada ao ambiente complexo que se delineou em 2023 para os ativos de risco.
Ele aponta que, no início do ano, as ações sofreram impactos consideráveis, influenciadas pelas expectativas de crescimento e inflação tanto no cenário global quanto doméstico.
“Esses fatores exerceram uma pressão negativa sobre os preços das ações ao longo da maior parte do ano. Além disso, eventos significativos no mercado de renda fixa, especialmente no âmbito do crédito privado, contribuíram para essa dinâmica”, explica.
Para 2024, ele destaca que há uma perspectiva mais otimista em relação aos ativos de risco. “Acreditamos que essa tendência tem o potencial de se estabilizar ou até mesmo reverter, à medida que os investidores possam optar por uma abordagem mais profissional na gestão de investimentos em ativos mais ousados”, conclui.