Mercados

Fundos de ações nos EUA perdem US$ 11 bi por ‘temor’, diz BofA

09 set 2022, 11:22 - atualizado em 09 set 2022, 11:22
Federal Reserve
Autoridades do Federal Reserve voltaram a fazer comentários em defesa do aperto monetário esta semana, o que não ajudou a aliviar a preocupação de investidores com uma possível recessão (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Investidores têm reduzido a exposição a ações negociadas nos EUA diante de uma potencial recessão em meio aos crescentes riscos, segundo estrategistas do Bank of America.

Fundos de renda variável dos EUA tiveram saídas de US$ 10,9 bilhões na semana até 7 de setembro, segundo dados da EPFR Global citados pelo banco.

O maior êxodo em 11 semanas foi liderado por ações do setor de tecnologia, que registraram resgates de US$ 1,8 bilhão. Investidores sacaram US$ 14,5 bilhões de fundos de ações globais, enquanto US$ 6,1 bilhões foram investidos em títulos públicos e Treasuries, mostram os dados.

Estrategistas liderados por Michael Hartnett apontam a aceleração da inflação, a guerra na Ucrânia e os juros mais altos como alguns dos fatores que afastam investidores do mercado de renda variável.

Isso aumenta a volatilidade e afeta o mercado de crédito: a taxa que investidores pagam para proteger posições em títulos alemães de dois anos subiu para o maior nível desde junho de 2008, disseram.

Autoridades do Federal Reserve voltaram a fazer comentários em defesa do aperto monetário esta semana, o que não ajudou a aliviar a preocupação de investidores com uma possível recessão.

Ainda assim, com o rali de dois dias nas bolsas, o S&P 500 está a caminho do primeiro ganho semanal em quatro semanas, já que traders aproveitam valuations mais baixos.

Embora o desempenho das ações ainda seja positivo em relação aos títulos, a renda variável não registrou entradas mensais nos últimos seis meses, disseram os estrategistas do BofA. “Os títulos odeiam a inflação; as ações odeiam a recessão” e o clima de risco é “assustador”, escreveram.

Estrategistas do Deutsche Bank afirmaram esta semana que os índices acionários dos EUA podem cair outros 25% se a economia entrar em recessão, o que coloca em risco um rali sustentado das bolsas. Enquanto isso, Michael J. Wilson, do Morgan Stanley – um dos estrategistas mais pessimistas de Wall Street –, traça um cenário ainda mais negativo para os lucros corporativos nos EUA diante da desaceleração do crescimento econômico.

Estrategistas do BofA disseram que o apoio fiscal de países europeus e do Reino Unido “atrasa a recessão e ajuda as ações”, mas piora as perspectivas de inflação, dívida e rendimentos.

Ainda assim, Hartnett e equipe acreditam que os mercados sinalizam um pico dos rendimentos cíclicos no prazo de três a seis meses, o que consideram uma boa notícia. Ao mesmo tempo, o indicador de “bull and bear” do BofA caiu para zero, o “máximo nível baixista”, o que é frequentemente visto como um sinal para comprar.

Na Europa, os resgates continuaram pela 30ª semana consecutiva. Em termos de fluxos de ações por fatores de estilo, as small caps dos EUA, ações de valor, de crescimento e large caps registraram saídas.

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