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Fundo Verde volta a vender bolsa e vê Governo ‘que não quer parar de gastar’

11 jun 2024, 18:21 - atualizado em 11 jun 2024, 18:21
Luis Stuhlberger
Segundo a gestora, o mercado brasileiro seguiu numa trajetória de aumento de prêmio de risco (Imagem: Reprodução/ IFL)

O Verde, um dos mais tradicionais do mercado, diminuiu sua alocação em bolsa brasileira para 7.5%, mostra relatório de gestão de maio publicada nesta terça-feira (11). Já a exposição em bolsa global foi mantida.

A redução ocorre em meio ao péssimo desempenho do Ibovespa, que tombou 3% no mês passado, e um momento fraco do fundo, que entregou retorno de 0,73% em 2024, contra 4,40% do CDI.

No mês passado, inclusive, a Verde Asset passou por uma reestruturação, com a saída de três profissionais e a entrada de Luis Stuhlberger para cuidar das decisões de risco no dia a dia, segundo apurou o Seu Dinheiro.

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Mercado brasileiro de mal a pior

Segundo a gestora, o mercado brasileiro seguiu numa trajetória de aumento de prêmio de risco. Pelo quinto mês consecutivo, o dólar se valorizou contra o real.

“O país conseguiu a incrível proeza de ter taxas de juro reais mais altas hoje do que quando o Banco Central começou seu ciclo de cortes em agosto do ano passado”, explica.

Para a gestora, a política fiscal se mantém refém de um Executivo que não quer parar de gastar e de um Legislativo que sinaliza não querer entregar mais novas receitas.

“Deste conflito nascem os altos prêmios de risco dos ativos brasileiros. Estamos cada vez mais dependentes de uma melhora do humor externo para que os ativos performem melhor, visto que os fatores idiossincráticos locais não dão sinais positivos”, explica.

Segundo a Verde, a única boa notícia é o pessimismo exagerado, “que por si só isso não é suficiente para mudar de forma consistente a trajetória, mas nos deixa mais atentos a potenciais melhoras que tenham impactos relevantes em preço”.

Cenário exterior

No exterior, a gestora lembra que a constante busca pelo início do ciclo de corte de juros mantém o mercado reagindo exacerbadamente a todo e qualquer ruído nos dados.

Na próxima quarta, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reúne, enquanto o mercado já está convencido de uma manutenção nos juros dos Estados Unidos (EUA).

O primeiro corte do ciclo, de 0,25 ponto percentual (p.p.), é projetado apenas para setembro — com 48,3% de chances.

“Algumas coisas apontam para uma economia em leve desaceleração, enquanto outros indicadores se mostram mais resilientes. E essa incerteza mantém os investidores focados num horizonte curtíssimo de investimento, dificultando a formação de convicção”, discorrem.

Mudanças em moedas

Apesar do fraco desempenho em 2024, o Verde conseguiu bater de longe o CDI em maio, com retorno de 2,53% no mês, contra 0,83% do CDI.

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Em moedas, a gestora tem posição comprada em dólar contra o Real, além de ter zerado a alocação em Peso mexicano (após o resultado eleitoral).

No país, vitória esmagadora de Claudia Sheinbaum, apoiada pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), provocou calafrios no mercado financeiro, apesar disso.

A bolsa mexicana chegou a cair mais de 10% e o dólar disparou em relação ao peso em reação à ampla maioria que o Morena, partido de Sheinbaum e AMLO, conquistou no Congresso.

A gestora manteve posição na Rúpia indiana, financiada por posições vendidas no Euro, no Franco suíço, no Renminbi chinês e no Dólar de Taiwan.