Fundo liderado por mulheres aposta em reformas ESG em emergentes
Um hedge fund controlado em sua maioria por mulheres pressiona empresas de mercados emergentes por mudanças com a aposta de que uma gestão mais responsável resulta em melhores retornos.
Com sede em Washington, a Cartica Management vê oportunidades de investimento ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) em países onde esses princípios são menos avançados, de acordo com Emily Alejos, diretora de investimentos da empresa.
A Cartica, que administra cerca de US$ 1,2 bilhão em ativos, tem como foco ações de empresas de baixa e média capitalização principalmente no Brasil, China e Coreia do Sul.
O ESG ganha força como estratégia de investimento, especialmente devido ao desempenho superior em meio à recente turbulência no mercado causada pelo coronavírus.
A BlackRock destacou que 88% dos índices sustentáveis se saíram melhor do que seus pares não sustentáveis nos primeiros quatro meses de 2020.
E a demanda está crescendo: quase 85% dos investidores institucionais dos EUA pesquisados pelo Morgan Stanley disseram que estão interessados em estratégias sustentáveis.
A necessidade de investimento em ESG é ainda maior em mercados emergentes, disse Alejos em entrevista por telefone, pois “muitas vezes não têm regulamentações para garantir a aplicação de boas políticas e boas práticas”. A empresa não quis divulgar informações sobre retornos de investimento.
Abordagem amigável
Fundada há 12 anos por ex-especialistas em mercados emergentes e governança da International Finance, a Cartica busca uma “abordagem amigável” em relação ao ativismo, disse Alejos.
As mulheres formam mais da metade da equipe de investimentos, por isso a Cartica tem incentivado empresas a nomear diretoras para o conselho.
No geral, Alejos disse que a empresa é positiva em relação à Coreia do Sul por sua “boa combinação” de características de mercado desenvolvido, economia e moeda estável, boa estrutura de políticas e valuations atraentes.
A Cartica prefere setores de games, Internet e redes sociais do país, disse, sem mencionar empresas específicas.
A oportunidade de crescimento do investimento socialmente responsável é alta. O investimento em ESG responde por apenas 0,2% do total de ativos sob gestão na Coreia do Sul, 1,4% na China e 0,6% no Brasil, segundo dados compilados pela Bloomberg. Todas essas porcentagens estão bem abaixo dos níveis da Europa, EUA e Japão.
Em relatório de outubro passado, o Fundo Monetário Internacional disse que não há evidências conclusivas de que os fundos sustentáveis tenham um desempenho consistente ou melhor do que outros fundos, e a falta de metodologias e padrões de relatórios consistentes dificultam a incorporação de princípios ESG por investidores. Porém, gestoras de fundos como a Cartica esperam que investidores pressionem cada vez mais as empresas por mudanças.
“A tendência de aceitação global do ESG está melhorando de forma significativa e drástica”, e não apenas para investidores, disse Alejos. “É fundamental para todas as empresas a forma como podem ter sucesso e criar um modelo de negócios sustentável.”