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Fundo Latino-Americano de Reservas mira apoio de até US$ 6,8 bilhões

03 jul 2020, 8:05 - atualizado em 03 jul 2020, 8:05
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Se necessário, o fundo pode estar pronto para acessar os mercados dentro de dois meses (Imagem: Pixabay)

O Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) tem capacidade para emitir títulos de até US$ 4,35 bilhões para financiar empréstimos a bancos centrais da região, que enfrentam a pior crise econômica em décadas.

A organização, que normalmente utiliza contribuições de membros para conceder empréstimos em tempos de crise, emitiria os títulos nos mercados internacionais de dívida, de acordo com José Dario Uribe, presidente do FLAR. O fundo atualmente trabalha na estrutura legal e operacional, disse.

Se necessário, o fundo pode estar pronto para acessar os mercados dentro de dois meses, mas o valor a ser captado dependerá das necessidades de empréstimos de seus oito países membros, disse Uribe em entrevista por telefone de Bogotá na quarta-feira.

Os recursos seriam adicionados ao volume financiado pelo próprio FLAR, totalizando US$ 6,8 bilhões em empréstimos a bancos centrais que enfrentam problemas na balança de pagamentos devido ao impacto da pandemia de coronavírus.

Os membros, que incluem Colômbia, Bolívia, Peru, Costa Rica, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, poderão utilizar uma linha de crédito de cinco anos com período de carência de três anos. Até agora, nenhum país solicitou empréstimo, disse.

“A região agora é o novo epicentro global da pandemia, e o pico de contágio ainda não foi atingido”, disse Uribe. “Os governos da região tentam fazer o melhor possível em meio à incerteza, com base em sua própria visão da pandemia e nos limites de financiamento do setor público enfrentados por cada país.”

Mais de 2,65 milhões de pessoas testaram positivo para a doença na América Latina e no Caribe, e as mortes chegam a quase 119 mil, segundo dados monitorados pela Bloomberg.

As medidas de isolamento social destinadas a impedir a propagação do vírus afetaram as economias. Alguns países começam a reabrir, mas o PIB da região deve ter queda de 9,4% neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional.

Bancos centrais reduziram taxas de juros e intervieram nos mercados de capitais para fornecer liquidez. “O choque da pandemia de Covid não tem precedentes na história recente”, disse Uribe, que atuou como presidente do banco central da Colômbia entre 2005 e 2017.

“Os bancos centrais responderam com força e inovação, usando instrumentos que nunca haviam usado antes”.

Mais recentemente, o FLAR forneceu uma linha de crédito de US$ 368,8 milhões ao Equador em 2018. A Moody’s Investors Service, que classificou o fundo com grau de investimento Aa2, em março mudou sua perspectiva para negativa, citando o risco de um empréstimo de US$ 436 milhões feito ao banco central venezuelano em 2018.

Desde então, a Venezuela pagou totalmente a dívida, disse Uribe.

A Moody’s Investors Service, que classificou o fundo com grau de investimento Aa2 (Imagem:Youtube/Mood’s)

O FLAR é a mais recente entidade a oferecer alívio cambial a bancos centrais da América Latina. O FMI fechou uma linha de crédito de US$ 107 bilhões para quatro países da região.

Se o FLAR decidir fazer uma emissão, seria a primeira vez desde 2006 que o fundo acessaria os mercados internacionais de dívida.