Fundo do poço? Por que o Ibovespa pode cair ainda mais no próximo mês
Ibovespa hoje abaixo dos 100 mil pontos, acumulando uma queda de mais de 16% em 12 meses, pode não ser o fundo do poço. Analistas do JPMorgan disseram que um pacote fiscal mal elaborado pode levar o principal índice da Bolsa brasileira a outra queda acentuada.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as regras fiscais serão apresentadas junto com o Orçamento de 2024 (LDO). O prazo para o envio da Lei ao Congresso é 15 de abril, lembra o JPMorgan. “Então também é a data em que seremos apresentados ao novo arcabouço fiscal”.
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Para os analistas, um bom pacote fiscal deve percorrer um “longo caminho” para fornecer algum alívio ao mercado, considerando que é um elemento-chave no caminho para taxas de juros mais baixas. Segundo eles, há pouca possibilidade de o Ibovespa subir sem ao menos que haja a perspectiva de uma Selic menor.
Na quarta-feira, o Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano e reforçou que “irá perseverar [a taxa atual] até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional”.
Metas de inflação
Os estrategistas do JPMorgan lembram que em junho será realizada a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que definirá a meta de inflação para 2025 e que poderá levar à revisão da meta para 2023 e 2024.
“A autoridade monetária deixou bem claro que, considerando o atual quadro de metas de inflação, as taxas não podem cair mais”, destacou.
A meta para este ano é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, enquanto o cenário de inflação do BC está em 5,8% e em alta desde outubro de 2022. Para 2024, a meta é de 3%, também com 1,5 de tolerância.
Outro ponto destacado pelos analistas é o de substituições na autoridade monetária. “Os mercados continuam aguardando as nomeações oficiais das duas pessoas que estão substituindo os dois membros do conselho do BC cujo mandato expirou em 28 de fevereiro”, disseram, destacando o aumento de chances de haver nomes menos alinhadas ao mercado.
A equipe do JPMorgan segue com recomendação “overweight” para as ações no Brasil e pondera que tende a ver “o copo meio cheio”. Para os estrategistas, tecnicamente o mercado parece pronto para uma alta, mas, disseram, investidores aguardam pelo arcabouço fiscal.