Fundo da Vista sofre queda mensal recorde e revê proteção
O fundo Vista Multiestratégia, um dos multimercados com melhor desempenho na indústria brasileira nos últimos anos, registrou queda mensal recorde em setembro, atingido pelo recuo dos preços do petróleo e pela alta dos rendimentos dos títulos externos.
O fundo, gerido pela Vista Capital, caiu 13% no mês passado, no maior recuo mensal desde seu lançamento em 2015.
O fundo possui uma posição relevante em petróleo e estava aplicado em juros globais — apostando em queda de taxas — para se proteger de potenciais surpresas negativas no lado da demanda pela commodity.
“Estávamos errados e de forma importante na escolha do hedge”, a gestora disse em carta a cotistas. A combinação de queda de quase 20% do petróleo nos últimos dois meses e o selloff no Treasury norte-americano no mesmo período “não tem precedentes nesse século”, disse o fundo.
Os yields do Treasury de 10 anos subiram 64 pontos-base no mês passado, a maior alta mensal desde 2009. O movimento se intensificou à medida que ficou claro para os investidores que o Federal Reserve teria de adotar altas de juros mais agressivas no combate à inflação.
A Vista não comenta além da carta. Apesar do tombo em setembro, o fundo sobe 34% no ano, superando 98% dos pares no período, e 99% deles em um horizonte de dois anos.
A Vista despontou como uma das gestoras de melhor desempenho no Brasil após apostas certeiras incluindo a escalada do petróleo, com o barril do tipo Brent negociado acima de US$ 114 em alguns momentos deste ano.
A gestora atraiu a XP, que comprou uma fatia minoritária, e viu seus ativos sob gestão crescerem cerca de 50% em menos de um ano para mais de R$ 6 bilhões.
O fundo ainda está construtivo com os fundamentos do petróleo: citou que os estoques globais da commodity “continuam a cair de forma impressionante” e disse que o mundo pode estar diante de uma “mudança tectônica” no mercado de energia.
As preocupações recentes com a expansão fiscal do Reino Unido ajudaram na escolha pela redução “de forma relevante” das posições aplicadas.
Brasil
A Vista também reafirmou sua visão positiva para os ativos brasileiros, em meio a múltiplos descontados, desaceleração da inflação e fim da incerteza eleitoral.
O segundo turno da eleição presidencial ocorre no dia 30 de outubro — uma disputa entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O resultado do primeiro turno “confirmou nossa percepção de que não há espaço para radicalismos ou aventuras heterodoxas”, disse o fundo. “Diante de uma convicção acima da média nas posições de petróleo e Brasil, decidimos por nos manter alocados, ainda que com uma posição menor.”