Fundadores da Tok&Stok propõem compra da Mobly por R$ 83 milhões

A família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, manifestou intenção de formular uma oferta de aquisição de ações da Mobly (MBLY3), menos de um ano após a união das companhias.
Os termos da nova proposta foram oficializados por meio de uma carta enviada à companhia na última sexta-feira (28), segundo comunicado ao mercado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no último sábado (1º).
O documento, assinado por Régis Edouard Alain Dubrule, Ghislaine Thérèse de Vaulx Dubrule e Paul Jean Marie Dubrule, diz que a intenção é obter o controle da companhia e até 100% do capital.
A oferta pública de ações (OPA) prevê a aquisição da totalidade das ações da Mobly — um pouco mais de 122,7 milhões —, com o preço de R$ 0,68 por ação. Com o preço proposto, a operação somaria cerca de R$ 83,4 milhões.
O valor é 51% menor do que o do fechamento do papel na última sexta-feira (18), a R$ 1,35.
“Os potenciais ofertantes têm a convicção de que o sucesso da OPA beneficiará a Mobly, a Tok&Stok e todos os stakeholders (públicos de interesse) das referidas companhias — inclusive os atuais acionistas que optarem por vender suas ações no leilão da OPA, assegurando-lhes liquidez ao seu investimento”, diz o comunicado.
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Próximos passos
Ainda de acordo com o comunicado, os interessados solicitaram que a Mobly adote todas as medidas necessárias para que seja convocada e realizada uma assembleia geral extraordinária (AGE), necessária para aprovar a operação, o “mais breve possível”.
Os potenciais ofertantes também informaram que iniciarão, também de forma imediata, a negociação com os credores para assegurar a obtenção da anuência dos debenturistas.
“A companhia informará ao mercado em caso de atualizações sobre o tema”, diz a Mobly no comunicado.
A breve história de Tok&Stok e Mobly
Em agosto de 2024, a Mobly anunciou acordo com a gestora SPX, controladora da Tok&Stok, para assumir o controle da companhia. A combinação criou um gigante no mercado de móveis e decoração, com receita anual estimada de R$ 1,6 bilhão. Contudo, o negócio não foi bem recebido pela família fundadora da Tok&Stok, que brigou na Justiça para contestar a operação.
Na época, Régis Dubrule, que fundou a Tok&Stok em 1978 com a esposa, Ghislaine, criticou publicamente a combinação de negócios. “É o abraço de afogados, mas nós sabemos nadar. Estamos absolutamente convencidos de que conseguimos salvar a Tok&Stok sozinhos”, disse na época em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Para que a Mobly não fosse arrastada para o endividamento da Tok&Stok, foi desenhado um modelo engenhoso.
A Tok&Stok protocolou simultaneamente ao negócio seu pedido recuperação extrajudicial, com um pré-acordo dos credores já firmado. Ele prevê um ano de carência no pagamento de juros e dois anos para o início das amortizações. O prazo final foi estendido para 2034.
A Tok&Stok, que já chegou a valer R$ 1,1 bilhão, foi avaliada no negócio por 10% desse valor — ou R$ 112 milhões.
O grupo ainda não divulgou os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). Os dados mais recentes, do terceiro trimestre, mostraram uma leve melhora nas vendas de lojas físicas e um desafio no lado do e-commerce. O negócio segue com prejuízo.
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*Com informações de Estadão Conteúdo