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Funcionários pedem demissão em vez de desistir de home office

01 jun 2021, 15:24 - atualizado em 01 jun 2021, 15:24
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Enquanto empresas de Google até Ford Motor e Citigroup prometem maior flexibilidade, muitos diretores executivos exaltaram publicamente a importância de retornar aos escritórios (Imagem: REUTERS/Clodagh Kilcoyne)

Uma reunião de seis minutos levou Portia Twidt a pedir demissão. Ela assumiu o cargo de pesquisadora especialista em compliance em fevereiro, atraída por promessas de trabalho remoto. Então, veio o incentivo para retornar ao escritório.

A gota d’água veio há algumas semanas: o pedido para um encontro presencial, programado para durar 360 segundos. Twidt se vestiu, deixou os dois filhos na creche, dirigiu até o escritório, teve uma breve conversa e decidiu que bastava.

Com a pandemia retrogredindo à medida que a vacinação avança, a pressão de alguns empregadores para que funcionários retornem ao escritório está se chocando com aqueles que consideram o trabalho remoto o novo padrão.

Enquanto empresas de Google até Ford Motor e Citigroup prometem maior flexibilidade, muitos diretores executivos exaltaram publicamente a importância de retornar aos escritórios.

Alguns lamentaram os perigos do trabalho remoto, dizendo que diminui a colaboração e a cultura da empresa. Jamie Dimon, do JPMorgan, disse em uma conferência que o modelo não funciona “para aqueles que querem se esforçar”.

Mas muitos funcionários não têm tanta certeza. O ano passado provou que muito trabalho pode ser feito de qualquer lugar, sem longas viagens em trens lotados ou rodovias.

Algumas pessoas voltaram ao escritório. Outras têm preocupações persistentes sobre o vírus e colegas que hesitam em tomar a vacina.

Para Twidt, há também a noção de que alguns chefes, especialmente aqueles de uma geração menos familiarizada com o trabalho remoto, estão ansiosos para recuperar o controle rígido perante seus subordinados. “Eles acham que não estamos trabalhando se não puderem nos ver”, disse.

Ainda é cedo para dizer como será o ambiente de trabalho pós-pandemia. Apenas cerca de 28% dos trabalhadores nos EUA retornaram aos escritórios, segundo um índice da empresa de segurança Kastle Systems com dados de 10 áreas metropolitanas.

Muitos empregadores ainda estão sendo tolerantes, pois o vírus perdura, as vacinações continuam a ser implementadas e as condições nas creches permanecem irregulares.

Mas, à medida que retornos aos escritórios aumentam, alguns funcionários podem querer opções diferentes. Uma pesquisa com 1.000 americanos mostrou que 39% considerariam se demitir caso seus empregadores não fossem flexíveis sobre o trabalho remoto.

A diferença geracional é clara: entre a geração Y e a geração Z, esse número era de 49%, de acordo com pesquisa da Morning Consult para a Bloomberg News.

Falta de deslocamento e economia de custos são os principais benefícios do trabalho remoto, segundo pesquisa da FlexJobs com 2.100 pessoas. Mais de um terço dos entrevistados disseram que economizam pelo menos US$ 5.000 por ano ao trabalhar em casa.

Muitos empregadores ainda estão sendo tolerantes, pois o vírus perdura, as vacinações continuam a ser implementadas e as condições nas creches permanecem irregulares (Imagem: REUTERS/Bryan)

Claro, nem todos têm flexibilidade para escolher. Para os milhões de trabalhadores da linha de frente que enchem as prateleiras dos supermercados, cuidam de pacientes em hospitais e asilos ou deixam entregas na porta de casas, há poucas opções alternativas a não ser comparecer pessoalmente.

Mas entre os que podem, muitos estão avaliando alternativas, disse Anthony Klotz, professor associado de administração da Texas A&M University, que pesquisou por que as pessoas pedem demissão. Os chefes que assumem uma postura rígida devem tomar cuidado, principalmente devido à escassez de mão de obra na economia, afirmou.