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Funcionários do Google boicotam acordos com petrolíferas

05 nov 2019, 13:14 - atualizado em 05 nov 2019, 13:22
Se o Google quer confrontar sua parcela de responsabilidade na crise climática, isso significa não ajudar companhias de petróleo e gás a extrair combustíveis fósseis”, escreveu Ike McCreery (Imagem: Bloomberg)

Em mais um embate dentro do Google, funcionários ativistas pedem que o comando da gigante de tecnologia encerre acordos com companhias de petróleo e gás.

Em carta publicada na segunda-feira, mais de 1.100 empregados pediram à diretora financeira Ruth Porat que divulgue um “plano climático para toda a empresa”, se comprometendo a reduzir emissões de carbono. O abaixo-assinado também exige que o Google abandone contratos que “viabilizam ou aceleram a extração de combustíveis fósseis”.

Desde 2017, a unidade de computação em nuvem do Google revelou a existência de contratos com a Chevron, a francesa Total e a prestadora de serviços a petrolíferas Schlumberger. A saudita Aramco, maior petrolífera do mundo, anunciou um acordo experimental para uso do serviço em nuvem do Google no ano passado, mas a gigante da internet nunca confirmou a parceria.

“Se o Google quer confrontar sua parcela de responsabilidade na crise climática, isso significa não ajudar companhias de petróleo e gás a extrair combustíveis fósseis”, escreveu Ike McCreery, engenheiro da divisão de nuvem do Google, por email. “Este é um momento da história que requer ação urgente e decisiva.”

Uma porta-voz do Google se recusou a comentar, mas fez referência a declarações de Porat em um blog de setembro. “À medida que nosso negócio continua se expandindo, aumentamos o alcance dos nossos esforços para gerar impacto ambiental positivo e usar os recursos da Terra de maneira mais inteligente e eficiente”, escreveu a diretora financeira na ocasião.

O setor de energia é um mercado crescente para provedores de serviços em nuvem, que oferecem ferramentas para armazenar e analisar dados.

Os vínculos entre os setores de tecnologia e energia já motivaram protestos em outros locais. Alguns funcionários da Amazon.com e da Microsoft pediram que seus empregadores cancelassem contratos com empresas de petróleo e gás.

No ano passado, protestos de funcionários após um acordo entre a divisão de serviços em nuvem e o Pentágono forçaram o Google a se retirar daquele contrato.

O Google, pertencente à Alphabet, promove sua postura ecológica há anos. Em setembro, anunciou a maior compra de energia renovável já realizada por uma empresa. A partir de 2017, começou a equipar os gastos de eletricidade de suas enormes centrais de dados a compras de energia de fontes renováveis.

A carta dos funcionários também solicita que o Google não faça negócios com autoridades de imigração dos EUA, argumentando que mais pessoas estão sendo forçadas a emigrar devido às mudanças climáticas.

O Google não divulgou contratos com essas agências, mas a publicação Business Insider informou que o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteira dos EUA está testando um serviço do Google chamado Anthos, que permite o uso de vários provedores de nuvem de uma só vez.

McCreery, um dos organizadores do abaixo-assinado, trabalha no projeto Anthos. “É devastador pensar que a infraestrutura que ajudei a construir nos últimos cinco anos seria usada para ajudar a encarcerar refugiados do clima.”

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