Economia

Funchal e Bittencourt já foram. Equipe econômica pode debandar, se governo furar teto de gastos, diz analista

21 out 2021, 18:39 - atualizado em 21 out 2021, 18:39
Ministério da Economia
Reformas só na fachada: pressão de Bolsonaro por Auxílio Brasil pode esvaziar o Ministério da Economia (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Mais uma vez o dia é marcado por queda generalizada do Ibovespa (IBOV) e disparada do dólar.  Só nas últimas cinco sessões, o índice tombou 4,28%. Já a moeda americana fechou o dia em alta de 1,90%, a R$ 5,66.

O vilão continua sendo o cenário fiscal do país. O governo confirmou que planeja driblar o teto de gastos para financiar seu programa de auxílio social a ser lançado antes das eleições de 2022.

Sem o teto fiscal, o risco-Brasil disparou para o maior nível em mais de seis meses. Diante da escala do risco fiscal, outra preocupação é uma eventual debandada da equipe econômica, que perdeu espaço na agenda do presidente Jair Bolsonaro.

“Se tiver uma pretensão efetiva e deliberada de furar o teto, haveria uma relação que pode ser, inclusive, criminal. Podemos assistir a uma eventual debandada do secretário do tesouro e outras autoridades que poderiam ser responsabilizadas”, explicou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, ao Money Times.

Apesar disso, ele afirma que o cenário seria diferente, se a alteração viesse por meio de uma PEC, dentro de uma lei.  “Seria algo mais associado a repensar o tamanho do Estado”, completa.

As observações de Sanchez ganharam ares de clarividência, quando, no começo da tarde desta quinta-feira (21), dois assessores do ministério da economia, Funchal e Jeferson Bittencourt pediram demissão.

Para Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos, a medida do governo diminui a credibilidade da equipe econômica e aumenta o estresse do mercado.

“O ativo mais prejudicado é certamente a Bolsa, por conta da maior aversão ao risco e da abertura da curva de juros. Quanto mais juros, mais interessante investir em renda fixa e deixar a Bolsa”, aponta.

Reformas

Na visão dos dois economistas ouvidos pela reportagem, as aprovações das reformas estruturais ficam cada vez mais distantes com os ruídos provocados pelo governo.

“A cada dia, as reformas estão mais em xeque; não se sabe se elas vão passar ou não, e em que termos”, diz Milane, da VLG.

Já Sanchez, da Ativa, acrescenta que há uma baixa probabilidade de aprovação. “Hoje já não é mais prioridade. Estamos mais apagando incêndio do que refazendo a estrutura e as bases do país”, completa.