Fruticultura

Fruticultura aguarda fim do pior da pandemia e mira a China para deixar de ser nanica

13 jul 2020, 14:52 - atualizado em 13 jul 2020, 15:54
Uvas estão entre as principais frutas exportadas e na expectativa de importações pela China (Imagem: Waldo Swiegers/Bloomberg)

A pandemia reduziu as chances de o Brasil ganhar mais musculatura nas exportações de frutas, tanto nos destinos tradicionais quanto para aqueles que esperavam a China se voltando para o setor brasileiro. O País é terceiro maior negociador global, mas com potencial inexplorado em volume e receita, onde Chile, Argentina e África do Sul têm ganhos proporcionalmente maiores, que o deixa nanico.

Ainda não contabilizado pela Abrafrutas, a principal associação dos produtores, o segundo trimestre deve ter sofrido forte redução dos embarques, acima do 1º – na trilha da acentuada desaceleração econômica global especialmente em abril e junho -, como a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) já havia dado uma prévia dessa tendência.

E também não se concretizou negócios de uva com a China. Em acordo fitossanitário no final do 2019, a expectativa de abertura para a fruta era para 2020, depois de, timidamente, os chineses começaram a comprar o melão brasileiro desde 2018.

O maior importador mundial do agronegócio brasileiro é a mira da fruticultura, apesar de que a produção nacional, de 4,4 milhões de toneladas, precisaria de folga para atender um aumento mais expressivo das aquisições dos asiáticos. Ou até maior interesse dos produtores em exportar, já que, como informado pela própria Abrafrutas, há certo comodismo dos empresários em atenderem preferencialmente o varejo e a indústrias internas.

Há a distância grande a ser absorvida e ainda exigências sanitárias consideradas severas, mas, para a entidade, o mercado chinês é comprador líquido de frutas frescas e não figura nas 10 primeiras posições entre os maiores importadores da fruticultura concentrada em 30 polos, cujos destaques são do Vale do São Francisco, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, São Paulo e Sul.

Em 2019, segundo dados também trabalhados pela Apex, agência de promoção externa do governo federal, a China importou mundialmente 86% a mais na comparação das importações de carne bovina, e 441% sobre os recebimentos internacionais de proteína de frangos.

Em termos gerais, o aumento do fluxo de navios e contêineres, além de vôos, que impactaram muito os mercados em março e abril, com epicentro da covid ainda se mantendo na China, dá um alento ao setor, mas os resultados também dependerão do andamento das economias entre os principais compradores, Europa (58%), Reino Unido (15%) e Estados Unidos (125). Juntos, somaram a concentração de 85% dos embarques em 2019, de US$ 858 milhões, mais 8,5%, e 980 mil toneladas, mais 16%.

Mangas, melões, uvas, limões e mamão papaya foram os líderes em 2019. Melancias, bananas e abacates obtiveram crescimentos.

No primeiro trimestre de 2020, os primeiros efeitos da pandemia começaram a ser sentidos. As vendas externas atingiram 234 mil toneladas, recuo de 2%, e US$ 183 milhões, com 8% a menos, embora algumas frutas apresentaram altas exponenciais. A Abrafrutas destaca abacate, 126%, maçã, 56% e limão, 46%.