Economia

Frustração com balanços do 2T23 coloca em cheque recuperação econômica do Brasil

17 ago 2023, 11:27 - atualizado em 17 ago 2023, 11:27
Juros, balanços, economia
Balanços das empresas vieram abaixo do esperado pelo mercado, que já projetava quedas nos resultados. (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

A temporada de balanços do segundo trimestre terminou com um certo gosto amargo. Embora o resultado de algumas empresas tenham se destacado, de forma geral, os lucros registrados de ano contra ano caíram mais de 40%. 

Segundo Marco Caruso, economistas-chefe do PicPay, esses resultados ficaram, em média, 9% abaixo da queda que os analistas já calculavam. Com isso, as principais surpresas negativas vieram dos setores de materiais e imobiliário. 

No setor de real state, a queda nos lucros foi que quase 8%. Já no caso dos materiais, que envolvem commodities tirando energia, o setor ficou 34% abaixo das projeções do mercado. “Houve uma queda ano contra ano de mais de 60% dos lucros, mas essa queda ficou 34% abaixo do estimado”, destaca.

O problema é que a temporada de resultados das empresas gera uma dúvida sobre a real recuperação da economia.

“Os balanços indicam que a gente está com economia fraca. O consumidor não está comprando muito, principalmente setor de varejo não discricionário, como linha branca, móveis e materiais de construção”, afirma Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.

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Economia x Balanços

Segundo os economistas ouvidos pelo Money Times, os juros altos, não só no Brasil, mas nos demais países, pesou nas despesas financeiras das empresas. Além disso, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) enganam, já que os números foram puxados pelo desempenho do agronegócio.

Os balanços são reflexos de uma economia que está passando por um ajuste. É uma economia que está passando por um ajuste de juros, que finalmente agora começou a cair, mas que por um bom tempo machucou e ainda restringe o crédito. Além disso, a gente segue revisando o PIB para cima, mas se olhar os detalhes, vai ver que esse crescimento tem suas fragilidades”, aponta Caruso. 

Piovesan lembra que a queda da Selic é algo recente e que ainda não fez preço na economia e nem conquistou a confiança do consumidor. 

Vale lembrar que o Banco Central contou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual agora em agosto, após três anos entre manutenção e altas.

A inadimplência das famílias e o nível de inadimplência do varejo segue bem alto. Isso acaba pesando nas empresas de varejo e eu acho que foi o principal fator que pesou para as empresas de mercado interno como um todo”, destaca.