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Frigoríficos nos EUA reabrem, mas nem todos trabalhadores voltam

06 maio 2020, 13:36 - atualizado em 06 maio 2020, 13:39
Carnes
Em uma unidade da JBS USA em Greeley, Colorado, o absenteísmo chega a 30%. Antes da pandemia, era de cerca de 13% (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Processadoras de carne dos Estados Unidos começam a reabrir, mas nem todos os trabalhadores estão retornando.

Alguns ainda temem ficar doentes depois que surtos de coronavírus fecharam mais de uma dúzia de frigoríficos no mês passado. Alguns entraram de licença – remunerada e não remunerada -, e outros simplesmente pediram demissão.

Em uma unidade da JBS (JBSS3) USA em Greeley, Colorado, o absenteísmo chega a 30%. Antes da pandemia, era de cerca de 13%.

A empresa está pagando cerca de 10% da força de trabalho – pessoas consideradas vulneráveis – para ficar em casa. Outros não têm ido trabalhar porque ficaram doentes.

Mas alguns trabalhadores decidiram ficar em casa porque estão “assustados”, de acordo com Kim Cordova, presidente do sindicato United Food & Commercial Workers Local 7, que representa trabalhadores da unidade.

Ela não pôde fornecer números específicos, mas observou em visita recente que a velocidade de produção no frigorífico era “realmente lenta” por causa da falta de mão de obra.

Processadoras de carne estão no foco dos epicentros de coronavírus no coração rural dos EUA. A doença se espalhou pelos frigoríficos em março e abril, enquanto empresas se apressavam para adaptar os locais de trabalho às novas regras ditadas pela pandemia.

Com o persistente absenteísmo, os EUA correm o risco de continuar enfrentando escassez de carne e preços mais altos, mesmo depois que o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para manter as processadoras funcionando.

A JBS está seguindo “diretrizes federais sobre segurança e distanciamento social e estamos fazendo todo o possível para proporcionar um ambiente de trabalho seguro para integrantes de nossa equipe que estavam ansiosos para voltar ao trabalho”, disse a empresa em comunicado por e-mail à Bloomberg.

Na unidade do Colorado, a JBS diz ter distribuído máscaras e protetores faciais e colocado divisórias de acrílico para separar as pessoas.

Os trabalhadores ainda precisam de materiais de proteção de maior qualidade, e ainda existem áreas onde os funcionários não podem se distanciar socialmente, disse Kim, do sindicato.

“Se eles não mitigarem, continuaremos o ciclo de trabalhadores morrendo e ficando doentes”, afirmou.

A empresa teve melhor resultado no frigorífico em Souderton, Pensilvânia, que também reabriu recentemente e está “superando as expectativas”, disse a JBS.

JBS
Na unidade do Colorado, a JBS diz ter distribuído máscaras e protetores faciais e colocado divisórias de acrílico para separar as pessoas (Imagem: REUTERS/Shannon Stapleton)

As condições dos frigoríficos dos EUA contribuíram para aumentar o risco de infecções e, como resultado, mais de 4,9 mil trabalhadores adoeceram, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

A agência citou a dificuldade em manter o distanciamento social e aderir às recomendações de maior limpeza e desinfecção entre os fatores que aumentavam os riscos para trabalhadores.

Foram registradas 20 mortes de funcionários com surtos identificados em 115 frigoríficos em 19 estados, segundo dados até o fim de abril.

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