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Frigoríficos dos EUA elevam capacidade de abate com boas margens

19 mar 2021, 11:43 - atualizado em 19 mar 2021, 11:43
Criação de gado em Paulínia (SP) Boi Carnes
Também cresce o número de unidades de abate de menor porte (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

É um momento de ganhos para frigoríficos dos Estados Unidos com o aumento da demanda por carne bovina e ampla oferta de gado. Com a rentabilidade em alta, um gigante do setor se prepara para elevar a capacidade de abate.

As margens de processadoras de carne bovina sobem e produtores têm recebido US$ 316,35 por cabeça de gado, segundo estimativa da consultoria HedgersEdge divulgada na quinta-feira.

O valor está bem acima dos retornos de um ou dois dígitos típicos há cerca de cinco anos e incentiva o aumento da capacidade de abate de gado nos EUA pela primeira vez em vários anos.

A Marfrig Global Foods (MRFG3) disse que sua subsidiária National Beef Packing Company está investindo US$ 100 milhões para mais do que dobrar a capacidade de abate na unidade de Tama, em Iowa, para 2,5 mil cabeças de gado por dia, com um segundo turno de produção. As mudanças devem ser concluídas até o final de 2022 e criarão “várias centenas de empregos”, segundo comunicado da empresa.

A Marfrig disse que a mudança “aumentará a capacidade da empresa de produzir produtos premium em alta demanda pelos clientes no mundo todo e proporcionará um maior mercado para agricultores familiares de Iowa que fornecem gado Angus para a unidade”.

Também cresce o número de unidades de abate de menor porte. O governador do Kentucky, Andy Beshear, anunciou nesta semana uma processadora de carne orçada em US$ 1,2 milhão que a Farmstead Butcher Block está construindo nos arredores de Central City. A unidade deve criar 25 empregos e processará gado, suínos, cordeiro, frango e peru. A Farmstead Butcher Block não respondeu a um pedido de comentário.

Domínio do mercado

Com economias de escala, operações maiores são, provavelmente, mais eficientes e lucrativas, embora também levantem questões sobre o domínio na indústria.

O setor de carne bovina dos EUA tem sido criticado por ser muito concentrado: os quatro maiores frigoríficos – Tyson Foods, JBS, Cargill e National Beef – controlam cerca de dois terços de todo o processamento de carne bovina do país. A concentração pode causar uma desconexão no mercado quando unidades são obrigadas a fechar, o que pode elevar os custos da carne e derrubar os preços de venda de animais.

Isso aconteceu durante o surto de Covid-19, quando frigoríficos fecharam enquanto centenas de funcionários contraíam o vírus e consumidores esvaziavam as prateleiras de carne e outros alimentos. As margens dos frigoríficos aumentaram para um recorde de US$ 1.009,30 por cabeça em maio passado durante as paralisações das processadoras de carnes, de acordo com a HedgersEdge.

Os preços da carne bovina devem continuar subindo com a reabertura de restaurantes e empresas. Mais pessoas vacinadas devem aumentar as compras de carne fora de casa, embora as famílias continuem cozinhando mais do que antes da pandemia.

Não houve grande expansão da capacidade de abate de carne bovina nos Estados Unidos desde a década de 1990, quando o pico atingiu 145 mil cabeças por dia, de acordo com Steve Kay, da Cattle Buyers Weekly.

Paralisação das operações, como o fechamento em 2013 de uma instalação da Cargill no Texas, reduziram a capacidade, que atualmente é de 131 mil cabeças por dia, disse.

A abertura de unidades de abate pode ser custosa e complicada, envolvendo exigências regulatórias locais e federais.

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