Agronegócio

Frigoríficos ainda têm folga com boi a termo entrando; vendedores perdem alta atual

25 nov 2019, 15:40 - atualizado em 25 nov 2019, 16:12
Boi de grandes confinadores geralmente é negociado antes com os frigoríficos (Confinamento Coplacana)

Tem uma história que nunca vai ser contada direito neste segundo semestre do mercado pecuário. Quem compra não vai jamais abrir o volume de animais que foram contratados bem antes a preço pré-fixado para entrega agora. Quem vende, normalmente grandes confinadores, também não. O boi a termo é palavrão e caixa-preta no mercado.

Seja como for, frigoríficos de porte ainda estão recebendo bois bem distante das cotações atuais, a caminho dos R$ 250,00 em São Paulo, por exemplo. E talvez se explique porque ainda estão com folga de 3% nos spreads, no acumulado de novembro, ainda que o varejo esteja aceitando em partes o repasse do atacado.

Mas naturalmente que vai acabar hora ou outra o termo do segundo giro, daí também se explique porque algumas unidades que operam muito no termo estejam comprando alguma coisa para carregar estoques.

E quem vendeu, certamente não está aproveitando a excepcional alta. Mas não significa que esteja no prejuízo, pois, como foi muito bem lembrado por Marcos Garcia, pecuarista de Três Lagoas (MS), “vendeu (a preço X) porque havia coberto os custos de suas operações” à época.

Deixou, portanto, apenas de ganhar os mais de 30% de expansão das cotações.

Para Walter Magalhães, outro pecuarista, operador e consultor de mercado futuro, a operação a termo “é tão insegura que deveria ser travada também com uma compra a futuro”. Ele afirma que os mesmos grandes frigoríficos que possuem capacidade de fechar contratos volumosos meses antes, fazem a trava, se protegendo da baixa.

“Viu que coisa? Quem vendeu deverá aprender agora”, analisa Magalhães.

Nem todas as unidades dos players respondem ao mercado a termo, modelo de negócios inaugurado pelo JBS (JBSS3) há alguns anos. Normalmente se dá nas plantas em regiões próximas de confinamentos de porte, como é o caso do Norte de Paulo.

Tanto que em Barretos, segundo Juca Alves, o movimento de boi que entra no Minerva é de boi comprado antes. “Não estão comprando nada da gente e quero ver quando acabar o termo, vamos ver se vão pagar o que queremos”, argumenta o produtor.

A região conta com pelo quatro grandes confinamentos, além de mais uns dois do Triângulo Mineiro.

 

 

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