Frigorífico espera a China e acha que guerra comercial com EUA não atrapalhará
Se houver uma ponta de susto na pecuária de corte do Brasil com o acirramento da guerra comercial que Donald Trump impôs à China, no sentido de repercutir negativamente no desempenho da economia do país e consequentemente diminuir as compras globais, ainda é algo que não estaria no radar no curto prazo.
Da mesma forma, a possibilidade de mais atrasos das autoridades chinesas na liberação de novas plantas brasileiras não estaria associada à confusão armada pelo presidente americano (os 10% a mais de taxas sobre US$ 300 bilhões em produtos).
Essas são as observações que o Frigorífico Mercúrio, do Pará, fez nesta sexta (2).
Para Daniel Freire, diretor da empresa que está na lista de espera de 20 possíveis unidades exportadoras à China, “na realidade a gente acha que tem um gap muito grande de consumo chinês que o Brasil pode atender, mesmo em caso de uma diminuição na taxa de crescimento”.
Sobre a liberação de novos exportadores, que poderiam ampliar as vendas do País, Freire debita a demora ao estilo do maior comprador brasileiro.
“Percebe-se que a China tem uma dinâmica própria para habilitar novas plantas e isso gera varias especulações”, analisa o executivo do Mercúrio, para que “o Mapa e as associações (Abiec/Abrafrigo) estão dando todo suporte e apoio no intuito de que sejam habilitadas o maior número de plantas possível”.
O grupo paraense vem desde 2018 (quando matou em torno dos 320 mil animais) fazendo investimentos que superam os R$ 10 milhões em processos e na melhoria de seu próprio gado, visando uma carne menos ‘comoditizada’ e com os olhos no mercado chinês.
No primeiro semestre de 2019, as exportações totais brasileiras cresceram 25% em volume, para 827 mil toneladas, e 16,2% em receita, para US$ 3,12 bilhões, puxadas pela compra dos orientais. China e Hong Kong responderam por 40%.