Economia

Fred Trajano, do Magalu (MGLU3), sobre economia: ‘Estamos com um problema grande de autoestima’

27 ago 2024, 16:11 - atualizado em 27 ago 2024, 17:05
Trajano

O painel que reuniu os principais empresários na conferência promovida pelo Santander, em São Paulo, trouxe visão mista sobre o desempenho da economia brasileira. Se houve preocupações do lado fiscal e do ‘custo Brasil’, do outro, os executivos citaram dados positivos do país, como o crescimento econômico acima das expectativas.

Participaram do evento Fred Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), Alexandre Birmann, da Azzas 2154 (AZZA3), empresa criada a partir da fusão em Arezzo e Soma, Guilherme Johannpeter, da Gerdau (GGBR4) e Eugenio Mattar, da Localiza (RENT3).

A fala mais otimista ficou a cargo de Trajano. Para o CEO, inclusive, vive-se no país um problema de ‘autoestima’.

“O Brasil vai crescer 3% do PIB. O México, que todo mundo está falando, vai crescer 0,6% ou 1%. O déficit fiscal, que é relevante, precisa ser tratado, mas é 0,7%. Nós vemos nos Estados Unidos um número muito maior e muito mais relevante que esse”, destaca.

De acordo com o CBO, Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), o déficit no país americano deve atingir US$ 1,92 trilhão em 2024, em comparação com US$ 1,69 trilhão em 2023. Essa nova previsão é quase US$ 400 bilhões superior à estimativa anterior de US$ 1,5 trilhão feita em fevereiro.

Ainda segundo Trajano, o que estava ‘travando a agenda’ era o juro americano, que provavelmente terá cortes em setembro.

“O juro não ia conseguir descer se lá não descesse. Então, eu estou otimista, estou positivo para nós do Magalu. Juros têm uma relevância super importante, porque somos líder em produtos duráveis. Já melhoramos nosso resultado, melhoramos nosso nível de serviço, cresceu 60% do lucro operacional. Precisava agora dar uma ajudinha dos juros para as categorias discricionárias poderem crescer”, diz.

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Otimista?

Alexandre Birmann, da Azzas 2154 (AZZA3), empresa criada a partir da fusão em Arezzo e Soma, diz que está otimista, mas muito por conta do setor, que possui menos relação com o cenário macroeconômico. 

“Trabalhamos com o produto discricionário, de um valor intangível que é a moda. Então, a nossa capacidade de despertar o desejo através das tendências, das marcas e do serviço, ela é muito maior do que as questões macroeconômicas, até porque nossos clientes não dependem de crédito para as suas compras”, afirma.

Por outro lado, diz que algumas questões atrapalham os investimentos no país, como a instabilidade e a insegurança fiscal, que, segundo ele, inibe os empresários a tomar risco de mais longo prazo.

“O tema fiscal tributário, essa incerteza que vai acontecer, medidas provisórias que são implementadas do dia para a noite, eu acho que isso tem mais impacto que as questões ligadas, aos juros, à taxa de desemprego e ao crescimento”, coloca.

I have a dream

Eugenio Mattar, da Localiza (RENT3), se definiu como um ‘otmista-realista’ durante as falas. Para o executivo, seria um ‘sonho’ se o Brasil tivesse um Estado mais eficiente, com uma educação melhor e menos corrupção. 

E eu acho que temos que ajudar cada governo, independente da bandeira dele, para tentar fazer isso. E olhando para trás, se eu fosse uma pessoa desanimada, eu não estaria aqui depois de 51 anos, começando com seis carros. Então, da mesma forma, eu olho para frente. Quer dizer, foi difícil chegar aqui. O Brasil poderia ter chegado muito antes, mas foi bom. E eu vejo o Brasil avançando sempre”, fala.

Ele cita alguns avanços, como a reforma tributária “Ou seja, aos trancos e barrancos, o Brasil avança“, completa.