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Fraude? BitClout lucra US$ 160 milhões em tokens ligados a celebridades

20 mar 2021, 12:46 - atualizado em 20 mar 2021, 12:46
Um site fornece tokens relacionados a grandes artistas, como Katy Perry, sem seu consentimento; se trata de uma fraude? (Imagem: Wikimedia Commons)

Em meio ao ciclo de alta do mercado de tokens não fungíveis (NFTs), uma empresa chamada BitClout se apresenta como uma “rede de celebridades cripto”.

O site fornece a oportunidade de adquirir tokens ligados à identidade de quase 15 mil contas influentes no Twitter, incluindo o bilionário Elon Musk e a cantora Katy Perry, mas sem sua permissão, noticia o Decrypt.

Em uma semana, a BitClout lucrou US$ 160 milhões e atraiu o interesse de grandes investidores e personalidades. Porém, empresas de segurança cripto afirma que o site parece ser fraudulento.

Se for de fato uma fraude, BitCloud terá dado início a um novo conjunto de fraudadores no mercado de NFTs.

Lances para o NFT do primeiro tuíte de Jack Dorsey atingiram US$ 2,5 milhões. Tais preços geraram uma febre da tokenização de tuítes.

No caso da BitClout, o site baixou 15 mil das contas mais populares do Twitter e criou milhares de tokens para cada um. O preço dos tokens é lastreado à popularidade relativa de cada perfil, ou seja, era como um investimento na classificação social de uma celebridade específica.

Para participar da plataforma, é preciso comprar tokens BitCloud, mas os fundos depositados estão em apenas um endereço.

Rich Sanders, da empresa de investigação em blockchain CipherBlade, confirmou ao Decrypt que quase todos os fundos do site são direcionados a três corretoras: Amber Group (88,41%), Kraken (11,17%) e Coinbase (0,42%).

Porém, um dos pagamentos realizados pela BitClout foi para o mercado da dark web Hydra:

Flow of transactions from BitClout
Fluxo de transações da carteira da BitClout.

A suspeita é que um nigeriano tenha sido pago para angariar bots do Twitter para promover o projeto nas redes sociais, segundo Sanders.

Já a Coinfirm, empresa londrina especializada em rastrear transações suspeitas de cripto, também desconfia das operações da BitClout. Executivos da Coinfirm descreveram o site como “Bitconnect 2.0” — referência a um grande esquema Ponzi, onde tokens chegaram a um valor de quase US$ 400 — hoje, completamente sem valor — durante a febre cripto em 2017.

O aspecto estranho da BitClout é que os tokens adquiridos não podem sair da rede. Só é possível enviar tokens BitClout a outros usuários da plataforma ou usá-los para comprar as moedas de criadores, ou seja, não há como convertê-los em dinheiro ou em bitcoin.

Também não há como verificar as transações da plataforma em um blockchain nem existe um código de programação disponível do projeto.

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