Fraqueza no financiamento de veículos e provisão extra derrubam lucro do BV no 4º tri
O banco BV teve queda no lucro do quarto trimestre, refletindo a fraqueza no seu mercado principal de financiamento de carros usados e uma provisão extra para perdas com a Americanas (AMER3).
O banco controlado pelo Grupo Votorantim e pelo Banco do Brasil (BBAS3) anunciou nesta quarta-feira que seu lucro recorrente de outubro a dezembro somou 279 milhões de reais, 33,8% a menos do que um ano antes.
A carteira de crédito do banco fechou 2022 em 82,9 bilhões de reais, alta de 8,6% em 12 meses. O financiamento automotivo, que responde por cerca de metade da carteira total, teve queda de 2,2% em 12 meses.
“O ano de 2022 foi marcado pelo maior choque de demanda no mercado de veículos dos últimos 10 anos”, disse à Reuters o presidente do BV, Gabriel Ferreira, citando fatores como inflação e juros altos, que comprometeram a renda das famílias.
Em compensação, a carteira do atacado cresceu 10,5%, a 27,6 bilhões de reais. O segmento de novos negócios, de crédito para compra de painéis solares, disparou 85%, a 4,6 bilhões de reais.
No fim de 2022, o BV anunciou acordo pra compra do Bankly, braço de soluções financeiras do Méliuz, negócio no qual aposta para ampliar sua base de depósitos e também as receitas.
Além do baixo crescimento dos empréstimos no trimestre, o BV viu o índice de inadimplência chegar a 4,9% no fim de dezembro, alta de 0,1 ponto percentual em três meses, cenário que costuma levar bancos a fazerem mais provisões para perdas com calotes.
Segundo Ferreira, o BV ainda deve observar inadimplência pressionada, embora as novas safras indiquem melhor qualidade.
No trimestre, o chamado custo de crédito do BV, que mede as provisões para perdas esperadas com inadimplência, somou 952 milhões de reais, um aumento de 21,8% sobre um ano antes.
Segundo a companhia, o resultado foi afetado por uma provisão excedente para perdas ligadas a “um caso específico do atacado”, afirmou o banco, sem citar um nome.
O BV tem uma exposição de 206 milhões de reais à Americanas, que pediu recuperação judicial em janeiro.
O rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco encerrou o trimestre em 9%, recuo de 5,5 pontos percentuais ano a ano. No ano, o ROE ficou em 12,2%.