Moedas

Fraqueza do yuan representa problemas para outros emergentes

05 set 2022, 7:52 - atualizado em 05 set 2022, 7:52
yuan
“Com o yuan se enfraquecendo ainda mais, outros mercados emergentes enfrentarão pressão de queda em suas moedas”, disse Per Hammarlund, estrategista-chefe de mercados emergentes do Skandinaviska Enskilda Banken (Imagem: Bloomberg)

Há apenas alguns meses, o yuan chinês reinava como refúgio dos mercados emergentes, protegendo investidores da turbulência da guerra e da inflação descontrolada.

Hoje, virou uma ameaça.

À medida que o crescimento vacila na segunda maior economia do mundo, sua moeda caiu para uma mínima de dois anos e parece destinada a mais perdas. Isso levou o Goldman Sachs a prever ondas de choque não apenas nas vizinhanças da China, mas também na África e na América Latina.

Um yuan mais fraco deixa as exportações de outras nações mais caras e pode provocar desvalorizações competitivas.

“Com o yuan se enfraquecendo ainda mais, outros mercados emergentes enfrentarão pressão de queda em suas moedas”, disse Per Hammarlund, estrategista-chefe de mercados emergentes do Skandinaviska Enskilda Banken. “O impacto será mais sentido pelas nações que competem diretamente com a China nas exportações.”

O yuan se enfraqueceu por um sexto mês consecutivo em agosto, a mais longa sequência mensal de queda desde o auge da guerra comercial liderada pelos EUA em outubro de 2018.

A moeda cairá ainda mais e cruzará a marca psicológica de 7 por dólar este ano, disseram bancos como Société Générale, Nomura e Bank of America.

É uma reversão impressionante para uma moeda que havia se destacado por sua resistência diante da guerra da Rússia na Ucrânia.

Nos dias que se seguiram à invasão de 24 de fevereiro, o yuan foi a única moeda de mercados emergentes a evitar uma desvalorização. A demanda global pelo yuan se aprofundou à medida que países como Rússia e Arábia Saudita buscavam reduzir sua dependência do dólar e investidores em títulos buscavam novos refúgios.

Mas no mês passado, o sentimento se inverteu. A política de Covid Zero da China, a crise imobiliária e a desaceleração do crescimento alimentam uma fuga de capital estrangeiro. O banco central da China tentou resistir à depreciação e fixou sua taxa de câmbio de referência em um nível mais forte do que o esperado pela nona sessão consecutiva, mas a força do dólar mina esta tática defensiva.

Um yuan mais fraco tem repercussões amplas para mercados emergentes, que já sofrem dois anos de inflação elevada, nervosismo com o aperto monetário do Federal Reserve e a perspectiva de recessão nos principais mercados ocidentais.

A moeda chinesa, com o seu peso de 30% no MSCI Emerging Markets Currency Index, empurra o indicador para o pior ano desde 2015. A correlação de 120 dias do yuan com pares de emergentes paira perto do nível mais alto em dois anos, ressaltando seu impacto.

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