Mercados

‘Fraqueza’ do Ibovespa chama a atenção; entenda os motivos e saiba se recuperação corre risco

20 jul 2023, 15:51 - atualizado em 20 jul 2023, 15:51
Ibovespa
Ibovespa tem performance mais fraca em julho (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) anda de lado em julho, diferentemente do saldo positivo entregue no mês passado. A performance morna do índice tem chamado a atenção do mercado, com o volume de negociações encolhendo consideravelmente nos últimos pregões.

O volume de negociações está abaixo da média. No fechamento desta quarta-feira (19), somou R$ 21,7 bilhões, abaixo da média diária de R$ 25,9 bilhões em 2023 e de R$ 23,8 bilhões no mês até o dia 18. O patamar também fica aquém em comparação com junho, mês com volume financeiro médio de R$ 29,6 bilhões.

Nesta quinta (20), por volta das 15h45, o Ibovespa se sustentava no campo positivo, com valorização de 0,23%. O volume negociado somava aproximadamente R$ 14,7 bilhões até o momento.

Alguns fatores explicam o que está por trás da fraqueza do mercado local. Primeiro, os investidores estrangeiros parecem ter reduzido o ritmo de aporte. Dados de fluxo estrangeiro da B3 apontam que a primeira semana de julho foi majoritariamente negativa para a Bolsa, com recuperação modesta nos pregões seguintes.

Outro fator considerado inibidor para o mercado acionário é o juro elevado. Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, explica que o início do ciclo de aperto monetário nas principais economias do mundo criou uma onda de aversão a risco no mercado de renda variável, com investidores pesando a correlação risco-retorno (fugindo de ativos mais arriscados para encontrar proteção em investimentos com retornos mais certeiros, como é o caso da renda fixa).

“Isso acabou afetando o volume de negociação também, haja vista que a indústria de fundos (multimercados e ações), desde o início do ano, vem tendo saques em volumes grandes. Essa clientela também está com menos poderio para negociar no mercado”, diz.

“Os fundos de pensão, outro player bastante ativo e grande no mercado, também estão bastante ‘under’ alocados em renda variável. Estão praticamente em renda fixa”, acrescenta Moliterno.

É preciso também considerar a sazonalidade da Bolsa, destaca Pedro Menin, sócio-fundador da casa de análise Quantzed.

“Junho é fechamento de semestre. Existe aí uma crença no mercado que alguns players maiores, institucionais, acabam puxando a Bolsa, entrando com um pouco mais de força, otimismo, para fechar as cotas um pouco mais positivas”, comenta Menin.

Portanto, é natural que julho seja um mês mais “tranquilo”, em que preços tendem a assentar um pouco e os volumes acabam caindo, explica.

Recuperação da Bolsa está em xeque?

Para agentes financeiros, a fraqueza da Bolsa em julho não acende um sinal de alerta para riscos quanto à dinâmica de recuperação (já em andamento) do mercado de capitais, conforme investidores ganham mais confiança com o início do afrouxamento monetário no Brasil.

“O prognóstico, com o corte de juros por parte do Banco Central, dependendo de como vir o comunicado e a ata, acho que é bom. Não acho que esse fluxo mais baixo de julho afeta [a perspectiva positiva para] o fim do ano”, afirma Menin.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, diz que um a percepção dos investidores institucionais em relação ao Brasil como destino de investimento pode variar ao longo dos próximos meses, a depender de certos fatores, como instabilidade política e econômica, governança e políticas regulatórias.

Porém, Leão destaca que um viés de baixa para as taxas de juros no país pode atrair mais investimento internacional. Segundo ele, com o início do ciclo de queda dos juros, investidores estrangeiros devem buscar mais ativos dos mercados emergentes, principalmente do Brasil.

Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, segue otimista com os ativos brasileiros neste terceiro trimestre. O especialista avalia que o mercado local seguirá beneficiado por um ambiente pró-risco nos mercados externos, além de um ambiente doméstico fortalecido pela “iminente reforma ministerial, que deve continuar suportando um bom trâmite da agenda econômica”.

“Neste sentido, acredito que a tendência da curva de juros ainda seja de fechamento das taxas, o que não impede que, em um dia ou outro, observemos alguns ajustes altistas”, afirma.

*Com informações da Reuters

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
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