Franklin Templeton vê maior interesse estrangeiro por investimento no Brasil
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini
O interesse dos estrangeiros pelo Brasil está em alta, apesar das incertezas na política, dos problemas ainda na economia e da turbulência no exterior, afirma Marcus Vinicius Gonçalves, diretor-geral da gestora americana Franklin Templeton no Brasil. Segundo ele, a gestora ganhou recentemente um mandato de um fundo soberano estrangeiro para aplicar US$ 150 milhões no mercado brasileiro de ações e tem mais três grandes fundos internacionais discutindo aplicações no Brasil, um asiático e dois de países árabes. “A melhora das condições do Brasil chama a atenção dos estrangeiros, que estão em busca de oportunidades nos países emergentes diante dos baixos juros internacionais”, explica.
O interesse desses investidores é por aplicações de longo prazo em ações brasileiras, o que representa uma oportunidade para o país. Neste ano, a entrada de estrangeiros na bolsa B3 já é forte, mas em maioria são fundos de curto prazo, os chamados fundos hedge, que saem logo depois de ganhar um pouco.
E não é só a bolsa que atrai os estrangeiros. O time de renda fixa global da Franklin Templeton, comandado pelo vice-presidente Michael Hasenstab, um dos maiores especialistas em renda fixa e câmbio do mundo, tem US$ 130 bilhões sob gestão. Os principais destinos desses recursos são o México e, em seguida, no Brasil, que responde por 13% do total investido em fundos globais ou de emergentes. “Sozinho ele tem cerca de US$ 17 bilhões em títulos brasileiros e é, com certeza, um dos maiores investidores estrangeiros em renda fixa do Brasil”.
Outro fator que favorece a entrada dos estrangeiros é a cotação do dólar. Diferentemente de outros períodos, em que a moeda americana estava muito barata, ou seja, o real estava sobrevalorizado, hoje o dólar está bem ajustado, o que reduz o risco do investidor externo. “O dólar ajustado reduz o risco que o investidor teria de uma desvalorização mais forte do real, como já ocorreu em outras ocasiões”, lembra.
Gonçalves está otimista com o país e com o setor de gestão de recursos brasileiro. A recente decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de facilitar o investimento em fundos de pensão brasileiros no exterior deve abrir uma grande oportunidade para a Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, e também para as fundações brasileiras. “Com a queda dos juros para 6,75% ao ano, fica mais difícil ter ganhos elevados no Brasil e a diversificação no exterior será uma alternativa para os fundos brasileiros cumprirem suas metas atuariais”, explica.
A mesma lógica se aplica às pessoas físicas, que também vão buscar opções à renda fixa. A gestora espera aumentar seus investidores usando a força de distribuição das corretoras independentes, como a XP Investimentos e outras que estão distribuindo fundos de terceiros no mercado. E os próprios bancos começam a se abrir para oferecer fundos de terceiros. No caso, a ideia é usar a expertise da Franklin Templeton no mercado internacional e em ações no Brasil como diferencial. Hoje a gestora tem dois fundos globais, o Access e o Plus, e três de ações, o Maxi Ações, o Valor e Liquidez e o IBX.