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Frango: Preço de insumo elevado e queda na exportação prejudicam setor em 2018

12 jan 2019, 19:35 - atualizado em 11 jan 2019, 20:01

Por Cepea – 2018 foi mais um ano desafiador ao setor avícola. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o período foi marcado por elevação nos preços de importantes insumos, como milho e farelo de soja, e por restrições à carne de frango brasileira no mercado internacional. Esse cenário resultou em quedas nos preços da proteína no mercado doméstico, especialmente no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, observou-se certa recuperação nos valores da carne, diante da diminuição na produção.

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 A forte alta nos preços do milho e do farelo de soja de 2017 para 2018 reduziu em 14,4% o poder de compra do avicultor paulista frente ao cereal nesse período e em 16,7% em relação ao derivado. O avicultor seria ainda mais desfavorecido caso o frango vivo, negociado na Grande São Paulo, não tivesse registrado alta real de 3,9% entre 2017 e 2018 (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/18).

No entanto, o movimento altista restringiu-se ao animal vivo. Ainda na região paulista, de 2017 para 2018, em termos reais, o frango congelado se desvalorizou 1,8% e o resfriado, 4,3%. Esse resultado se deve às sucessivas quedas nos preços da proteína entre janeiro a abril. Este último mês, inclusive, foi um dos mais críticos para a cadeia, tendo em vista que o frango congelado registrou a menor média mensal de toda a série do Cepea, iniciada em janeiro de 2004. Para o frango resfriado, a média de abril/18 foi a menor em 12 anos, em termos reais.

Um dos fatores que levou a essa forte retração dos preços em abril foi a decisão da União Europeia de descredenciar algumas plantas frigoríficas brasileiras que estavam habilitadas a exportar carne de frango ao bloco econômico, já que o mercado doméstico não conseguiu absorver a maior disponibilidade da proteína. Posteriormente, visando reverter esse cenário, a indústria começou a reduzir a oferta da carne, e os preços esboçaram reação já em maio. Segundo o IBGE, de janeiro a setembro de 2018, foram abatidas 4,3 bilhões de cabeças de frango, quantidade 3% inferior à do mesmo período de 2017.

Ainda em maio, a paralisação dos caminhoneiros trouxe apreensão ao setor e as negociações de frango ficaram travadas no período. Com o fim do protesto, a retomada das atividades dos frigoríficos e as compras para abastecer as redes atacadistas foram intensas, refletindo de forma expressiva nas cotações da carne. No atacado da região paulista, em junho, os preços do frango congelado e do resfriado avançaram 26% em relação àqueles verificados em maio. Já em julho, os preços cederam, representando um maior ajuste entre a oferta e a demanda.

   

Nos meses subsequentes, as cotações se sustentaram em patamares mais altos do que os observados ao longo do primeiro semestre, sendo isso resultante da menor oferta da proteína e do ritmo mais intenso das exportações a partir do meio do ano.

No primeiro semestre, o volume exportado de carne foi 13% menor quando comparado ao mesmo período de 2017, com média mensal de embarques de 300,1 mil toneladas. Já no segundo semestre, a média mensal de embarques passou a ser de 325,03 mil t. De janeiro a dezembro, as exportações caíram 6,5% em relação às do mesmo período de 2017, de acordo com dados da Secex.

O desempenho das exportações em 2018 foi prejudicado também pelas mudanças nos critérios quanto ao abate halal. A Arábia Saudita, um dos principais importadores da carne de frango brasileira, reduziu em 17,5% suas compras até dezembro. Outros importantes players, como Japão, África do Sul, União Europeia e Hong Kong, também diminuíram o volume importado.

Por outro lado, a China, um grande destino da carne nacional, aumentou em 11,9% as importações em 2018, sinalizando que a sobretaxa imposta pelo governo chinês em junho à carne de frango brasileira não trouxe grandes restrições ao comércio. Apesar das compras mais tímidas dos principais parceiros comerciais, o Brasil conseguiu escoar um volume maior para outros países, como, por exemplo, Coreia do Sul, Chile e México.

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