Internacional

França é uma nação amazônica, diz Macron

23 set 2019, 15:05 - atualizado em 23 set 2019, 15:05
Emmanuel Macron
(Imagem: Francois Mori/Reuters)

O presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou sua intenção de debater sobre o futuro da Amazônia com uma lição de geografia – o último episódio de uma disputa com o presidente Jair Bolsonaro sobre as mudanças climáticas e a destruição da floresta sul-americana.

Citando o departamento francês da Guiana na América do Sul como parte integrante da França, Macron disse na segunda-feira que seu país tem um interesse direto no futuro da floresta. A Guiana Francesa compartilha uma fronteira de 730 quilômetros com o Brasil – cerca de 100 quilômetros a mais do que a fronteira da França continental com a Espanha – e é um dos seus cinco departamentos ultramarinos.

“Somos membros das nações amazônicas“, disse Macron em um evento à margem da Cúpula do Clima da ONU em Nova York na segunda-feira, ao lado de representantes da Bolívia, Colômbia e Peru e do ator Harrison Ford. Macron pediu que as nações não enfraqueçam seus esforços para salvar florestas tropicais e respondam melhor às necessidades daqueles que vivem nesses ecossistemas.

Macron e Bolsonaro entraram em uma disputa em meio à reunião do G-7 na França, no mês passado, sobre as mudanças climáticas e o número recorde de incêndios na Amazônia. Antes do G-7, Macron ameaçou cancelar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul, com base no que descreveu como “mentiras” de Bolsonaro sobre seu compromisso com as mudanças climáticas.

Bolsonaro rapidamente rebateu o que seu governo considerou uma infração injusta à soberania do Brasil, e seu governo empreendeu uma campanha de relações públicas para afirmar o compromisso de proteger e desenvolver de forma sustentável a floresta.

O líder brasileiro planeja levar sua mensagem potencialmente conflitante de gestão ambiental e desenvolvimento da floresta à Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York nesta semana. Ele também prometeu evitar brigas pessoais, ao dizer que está preparando um discurso objetivo.

Mas, em um sinal de quão controverso é o status do líder brasileiro em questões climáticas, Bolsonaro não está participando do evento sobre o tema realizado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nesta segunda-feira. O presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma aparição surpresa no evento, que não estava inicialmente em sua agenda.

“O elefante na sala é que o Brasil não está aqui”, disse Macron. “Estamos dispostos a trabalhar com o Brasil. Nosso objetivo é trabalhar com todos, com respeito por todos.”

Além da Guiana Francesa, os departamentos ultramarinos da França incluem as ilhas do Caribe de Guadalupe e Martinica e as ilhas do Oceano Índico de Mayotte e Reunião.