Fotos podem indicar provas falsas em investigação sobre 737 Max
Semanas depois que um jato da Lion Air caiu no mar de Java, matando todas as 189 pessoas a bordo, um funcionário da companhia aérea forneceu aos investigadores fotografias que comprovariam que um reparo fundamental havia sido realizado adequadamente no dia anterior ao desastre.
No entanto, as imagens talvez não mostrem o que foi afirmado.
O período exibido nas imagens de uma tela de computador na cabine do 737 Max da Boeing indica que as fotos teriam sido tiradas antes que o reparo fosse realizado, segundo relatório preliminar do acidente que está sendo preparado pelo Comitê Nacional de Segurança de Transporte da Indonésia (NTSC, na sigla em inglês), cujos trechos foram revisados pela Bloomberg News.
Da mesma forma, os investigadores não puderam confirmar a autenticidade de outras fotos no pacote, que deveriam mostrar como um equipamento próximo ao nariz do jato havia sido calibrado, de acordo com o relatório. Havia indícios de que as imagens mostravam um avião diferente, segundo duas pessoas a par da investigação.
O relatório preliminar não deixa claro se alguém falsificou ou manipulou as fotos – o que seria considerado uma violação grave do protocolo -, mas conclui que as imagens podem não ser provas válidas. O incidente aumentou a tensão na já complicada investigação internacional, na qual bilhões de dólares e a reputação de companhias aéreas, fabricantes e nações inteiras estão em jogo.
Segundo uma pessoa informada sobre o assunto, a companhia aérea da Indonésia disse aos investigadores que as alegações sobre as fotos são infundadas e não devem ser mencionadas no relatório final do acidente de outubro de 2018. Mas, para outros envolvidos nas investigações, esse pedido pode representar uma tentativa de enganar os investigadores sobre um aspecto crítico do caso e precisa ser documentado, disseram duas outras pessoas que foram informadas sobre a
O porta-voz da Lion Air, Danang Prihantoro, disse que não poderia comentar sobre a investigação. Representantes da Administração Federal de Aviação dos EUA, Boeing e do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes não quiseram comentar sobre a existência das fotos.
“Estendemos nossas mais profundas condolências às famílias e entes queridos” daqueles que morreram no acidente da Lion Air e em um segundo menos de cinco meses depois na Etiópia, disse Charles Bickers, porta-voz da Boeing, que tem sede em Chicago. “Continuamos a prestar apoio e a cooperar totalmente com as autoridades investigadoras à medida que os relatórios finais sobre os acidentes são concluídos.”
O NTSC, que supervisiona a investigação da Indonésia, está finalizando o relatório e espera divulgá-lo no início de novembro. Anggo Anurogo, porta-voz da agência de investigação, disse que não comentaria o relatório antes da divulgação.
Trechos do relatório preliminar revisados pela Bloomberg News dizem que um engenheiro apresentou as fotos aos investigadores para mostrar que a substituição de um sensor no avião, em 28 de outubro, foi feita corretamente. O sensor, conhecido como palheta de “ângulo de ataque”, estava com defeito no voo seguinte e também no voo do dia do acidente e está no centro da investigação, de acordo com um relatório preliminar do NTSC divulgado em novembro passado.