Eleições 2018

Forjas Taurus, do “mico” ao mito: papel já subiu 1.000% no ano com efeito Bolsonaro

28 out 2018, 10:47 - atualizado em 28 out 2018, 10:47

Por Arena do Pavini – O discurso do candidato à Presidência Jair Bolsonaro, chamado de “O Mito” por seus correligionários, a favor do porte de armas acabou por provocar uma corrida no mercado às ações da única fabricante brasileira de revólveres e pistolas, a Forças Taurus. Com prejuízos desde 2012, a empresa enfrentava dificuldades e endividamento elevado, e acabou ficando de lado das carteiras de indicações de analistas financeiros durante anos, também por problemas de governança que levaram a disputas entre os controladores e minoritários. Seus papéis eram negociados com preços perto de R$ 1,00, limite estabelecido pela bolsa para permitir a continuidade dos negócios no pregão. Ações nesse nível de preço em geral são alvo de constante especulação pois qualquer centavo já provoca ganhos ou perdas elevadas.

Durante a corrida eleitoral, porém, ocorreu um movimento bastante atípico nas ações da Forjas Taurus, afirma Rafael Panonko, Diretor de Análises da Toro Investimentos. Nas primeiras duas semanas de setembro, ela passou de companhia com volume inexpressivo na bolsa para presença no ranking de ativos mais negociados. A alta coincidiu com o atentado a Bolsonaro em 6 de setembro e seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto. E o papel passou a ser indicado pelas corretoras.

A empresa movimentou diariamente um volume aproximado de R$ 45 milhões, com mais de um milhão de negócios fechados em pregão. As ações ordinárias saltaram de R$ 1,50 para R$ 15,50, quase 1.000% de valorização. Na última semana, os preços recuaram um pouco e a ação terminou cotada a R$ 11,28%, ainda em alta de 561% no ano. A ação preferencial, sem voto, subiu 527% no ano, para R$ 11,00. Só em outubro, a ação ON da Forjas Taurus subiu 295% e a PN, 262%.

A disparada das ações animou os donos da Forjas Taurus, que rapidamente anunciaram um aumento de capital, aproveitando a valorização dos papéis  para emitir 74 milhões de bônus de subscrição de ações preferenciais. Cada bônus dará direito ao seu titular o direito de subscrever uma ação preferencial. Serão emitidas quatro séries com  preços que variam entre R$ 0,10 e R$ 0,20 com o direito a uma subscrição entre R$ 4,00 e  R$ 7,00 e prazo que vai de abril de 2019 até outubro de 2020. A diluição potencial do exercício é de 53,35%.O objetivo principal da operação será reduzir o endividamento da empresa.

Sem nenhum contrato bilionário envolvendo a empresa ou possibilidade de guerra à vista, a elevação no preço das ações da Taurus é em decorrência de especulação com o cenário político no país. “Este movimento é fruto do cenário especulativo de investidores que acreditam na vitória de Bolsonaro”, diz Panonko.

Efeito manada e risco para investidor

Uma das pautas mais discutidas por Bolsonaro durante as eleições foi a revogação do Estatuto do Desarmamento, o que facilitaria o acesso do cidadão às armas de fogo para defesa pessoal e patrimonial. Desta forma, os investidores passaram a enxergar uma oportunidade de lucro ao investirem nas ações da empresa que atua com hegemonia no Brasil. “O que estamos assistindo é o chamado ‘efeito manada’, conhecido também por euforia no mercado”, afirma o analista. Os investidores começam a comprar pelo simples fato de que alguém garante ser uma grande oportunidade. Isso gera um efeito cascata: quando há muitos querendo adquirir e poucos querendo vender, os preços tendem a subir, como foi observado nos últimos dias, analisa Panonko.

Ainda que o lucro possível se mostre atrativo, é necessário analisar todo o cenário, alerta. Não se pode desconsiderar que mesmo com a permissão para aquisição de armas, o candidato do PSL também é a favor de uma economia aberta, resultando no fim dos monopólios e estimulando a competitividade com empresas estrangeiras, que poderão dividir espaço no segmento com a Taurus.

A principal dificuldade, diz o analista, é prever a movimentação das cotações dos ativos, devido a grandes lotes que jogam o preço de um lado para outro, afastando os analistas de mercado neste investimento.

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