Política

Força-tarefa da Lava Jato diz repudiar tentativa de interferir politicamente na PF

24 abr 2020, 15:08 - atualizado em 24 abr 2020, 15:08
Sergio Moro
Antes de assumir o ministério, Moro ganhou notoriedade ao comandar os processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná disse em nota nesta sexta-feira que repudia as notícias de tentativa de interferência da Presidência da República na Polícia Federal, após Sergio Moro acusar, em seu discurso de demissão do Ministério da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro de desejar uma ingerência política na corporação.

“Os procuradores da República integrantes da força-tarefa da operação Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná vêm a público manifestar repúdio às noticiadas tentativas de interferência do presidente da República na Polícia Federal em investigações e de acesso a informações sigilosas”, afirma a força-tarefa na nota divulgada.

Antes de assumir o ministério, Moro ganhou notoriedade ao comandar os processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba, berço da operação, nos quais os procuradores da força-tarefa atuavam como acusadores. Divulgação feita pelo site The Intercept Brasil de mensagens que teriam sido trocadas entre Moro e membros do MPF no Paraná apontaram que o então juiz teria direcionado os trabalhos dos procuradores, o que tanto Moro quanto a força-tarefa negam.

Ao anunciar sua demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta sexta, Moro afirmou que Bolsonaro exonerou Mauricio Valeixo do comando da Polícia Federal pois queria interferir politicamente no órgão e ter no cargo alguém que lhe passasse os relatórios de inteligência da corporação. Disse ainda que o presidente afirmou ter preocupações com inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal e por isso a troca de comando da PF seria oportuna.

“A operação Lava Jato demonstra que o trabalho do Estado contra a corrupção exige instituições fortes, que trabalhem de modo técnico e livre de pressões externas nas investigações e processos”, afirma a nota da força-tarefa.

“A tentativa de nomeação de autoridades para interferir em determinadas investigações é ato da mais elevada gravidade e abre espaço para a obstrução do trabalho contra a corrupção e outros crimes praticados por poderosos, colocando em risco todo o sistema anticorrupção brasileiro.”

Em sua conta no Twitter, o procurador da República, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, classificou de “gravíssimas” as afirmações feitas por Moro.

“O combate à corrupção exige investigações técnicas, que possam ser conduzidas sem pressões externas”, afirmou ele na rede social.

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