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Fome aumenta 43,7% em 5 anos e segurança alimentar piora pela primeira vez em 2018, mostra IBGE

17 set 2020, 13:08 - atualizado em 17 set 2020, 13:08
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Os dados da POF mostram que no biênio 2017-2018, 36,7% dos domicílios tinham algum grau de insegurança alimentar, o que representa 84,9 milhões de pessoas em uma população estimada (Imagem: Pixabay)

Em cinco anos, o número de pessoas que passam fome diariamente no Brasil aumentou 43,7% e mais de um terço da população brasileira teve problemas para garantir alimentos em 2017 e 2018, pior índice desde que o levantamento começou a ser feito, mostrou a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) apresentada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Os dados da POF mostram que no biênio 2017-2018, 36,7% dos domicílios tinham algum grau de insegurança alimentar, o que representa 84,9 milhões de pessoas em uma população estimada, para esses anos de 207 milhões de brasileiros.

Desses, 10,9 milhões vivem em residências com restrições alimentares graves, em que, segundo o IBGE, “significa que houve ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo, quando presentes, as crianças.”

Em 2004, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) começou a levantar esses números, 34,9% viviam com algum tipo de insegurança alimentar. Desde então, essa é a primeira vez que o IBGE registra o aumento da fome no país.

Em 2013, o país chegou a sua melhor situação: 22,6% dos domicílios estavam em situação de insegurança alimentar, e apenas 3,2% estavam em insegurança alimentar grave.

O reflexo da crise econômica que se abateu no país a partir de 2015 foi imediato e, em 2017-2018, 4,6% dos domicílios passaram a ter insegurança grave, onde a fome domina.

A insegurança moderada, onde há restrição significativa de alimentos, quase dobrou, de 4,6% na Pnad de 2013 para 8,1% das residências na de 2017-2018.

E a leve, quando há preocupação de garantir a alimentação no futuro e há comprometimento da qualidade, passou de 14,8% para 24% dos domicílios.

Em 2015, a inflação no país bateu em 10,67% e em 2016 fechou em 6,29%, em dois anos de corrosão do poder de compra das famílias brasileiras.

Em 2015, a taxa de desemprego chegou a 9,6%, um crescimento de 38% em apenas um ano. Em 2018 estava em 12,3%.

Regiões tradicionalmente mais pobres do país, o Norte e o Nordeste também mostram reflexos maiores da crise na insegurança alimentar. Mais da metade dos domicílios nordestinos, 50,3% informaram estar em situação de insegurança alimentar e 7,1% estavam em situação de fome.

Em 2015, a inflação no país bateu em 10,67% e em 2016 fechou em 6,29%, em dois anos de corrosão do poder de compra das famílias brasileirasreu (Imagem: Reuters/Murad Sezer)

Na região Norte a situação é ainda pior: 57% de residências estavam em situação de insegurança alimentar, 10,2% em situação de fome.

A POF mostrou ainda que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, representam parcela considerável dos recursos a que tem acesso as pessoas em situação de fome, representando 25,7% do rendimento total, enquanto a renda vinda de salários chega a 45,2% do total.