Fomc: Um corte em 2024 é o suficiente? Veja o que este economista diz sobre as projeções do Fed
Já não era novidade que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) iria manter os juros dos Estados Unidos (EUA) no intervalo de 5,25% a 5,50%. Com isso, as projeções mais duras (hawkish) do Federal Reserve (Fed) roubaram as atenções no comunicado de hoje.
“O comunicado sem surpresas, com pouquíssimas mudanças em relação ao último comunicado, indica que os membros do comitê veem progresso na evolução da inflação nos últimos meses, mas não o suficiente para ganharem confiança suficiente para iniciar o ciclo de cortes”, diz o economista sênior do Inter, André Valério.
O foco ficou na atualização das apostas dos dirigentes do Comitê, que indicam que a maioria não espera mais de um corte na taxa de referência este ano. O economista do Inter destaca a menor incerteza entre os membros sobre os juros em 2024 e 2025, mas com uma mediana maior em ambos os casos.
“Em março, as projeções indicavam uma taxa de juros de 4,6% e 3,9% em 2024 e 2025. Hoje, os membros antecipam uma taxa de juros de 5,1% e 4,1%”, afirma.
O Fomc antecipa apenas um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) em 2024, ante uma redução de 0,75 p.p. em março. Quatro membros não veem nenhum corte esse ano, sete esperam apenas uma redução e oito projetam duas.
Apesar da postura mais dura, a autoridade migrou as projeções para algo próximo ao que já era precificado pelos ativos. Por isso, a novidade não gerou grandes baques no mercado.
Outro destaque, segundo Valério, é a expectativa de uma taxa de juros neutra maior, com a projeção de longo prazo saindo de 2,6% em março para 2,8%. A aposta para a inflação também aumentou, com o Fomc esperando um Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de 2,6% ao fim deste ano, ante 2,4% em março.
Quando o Fed vai cortar juros?
O Comitê do Fed transferiu um dos cortes nos juros previstos para 2024 para o ano que vem, “de modo a ganhar maior liberdade”, afirma o economista do Inter. “Esperamos que o primeiro corte venha na reunião de setembro”, diz.
Valério, no entanto, diz que a continuidade do processo de desinflação pode levar o Banco Central norte-americano a cortar a taxa outra vez ainda este ano.
- Não sabe onde investir neste momento? Veja +100 relatórios gratuitos da Empiricus Research e descubra as melhores recomendações em ações, fundos imobiliários, BDRs e renda fixa
Após a divulgação do Fomc e das falas presidente Jerome Powell, o mercado voltou a se dividir entre setembro e novembro para uma primeira redução.
O CME FedWatch Tool, ferramenta que mostra as probabilidades dos próximos passos do Fed, apontava para 56,7% de chances de redução dos juros no nono mês do ano e 50,5% no décimo primeiro.