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Nova Oi geraria até R$ 20 bilhões em valor aos acionistas, diz Rodrigo Abreu

28 jan 2020, 22:17 - atualizado em 29 jan 2020, 13:28

Não há mais dúvidas: a Oi (OIBR3) elegeu, como seu principal negócio a partir de agora, a prestação de serviços de infraestrutura de telecomunicações para outras operadoras e para consumidores finais. O cenário foi traçado pelo próprio CEO da empresa, Rodrigo Abreu, em uma entrevista aos assinantes da Empiricus Research, à qual o Money Times teve acesso.

“Vemos a Oi como a maior empresa de infraestrutura de comunicação do país, seja como provedor de atacado, para outras operadoras, seja para os consumidores”, afirmou o executivo.

Administrar cabos enterrados no solo pode não ser tão charmoso, quanto manter lojas vistosas de aparelhos celulares em shopping centers badalados, mas, nas contas da Oi, é um negócio com um baita potencial de geração de valor para os acionistas.

Comparação

Abreu cita um caso recente para dar uma noção do quanto esse mercado movimenta. No fim do ano, a portuguesa Altice anunciou a venda de 49% do seu braço de fibras ópticas, a Altice Portugal FTTH, ao Morgan Stanley por 2,3 bilhões de euros (cerca de R$ 11 bilhões). O valor corresponde a 20 vezes o ebitda da Altice FTTH.

Decodificador de internet da Altice Portugal
Parâmetro: portugesa Altice vendeu fatia da unidade de fibra óptica por 20 vezes o ebitda (Imagem: Divulgação/Altice)

“Isso mostra que o potencial para valorizar nosso negócio de infraestrutura é de gerar R$ 20 bilhões”, afirmou Abreu. Para se ter uma ideia, isso significa praticamente quadruplicar o valor de mercado atual da Oi, de pouco mais de R$ 5 bilhões.

O executivo lista vários pontos positivos do negócio que vai se transformar no carro-chefe da operadora. Primeiro, o ciclo de investimentos é mais longo que o da telefonia móvel.

Segundo Abreu, para se manter competitivo em telefonia celular, é preciso realizar rodadas de investimentos a cada período de quatro a sete anos. “O 4G, por exemplo, começou a ser implantado em 2013, e, em 2020, já estamos falando do 5G”, disse.

Longo prazo

Trabalhar com infraestrutura, neste sentido, é um negócio menos intensivo em capital. “Um investimento nesse setor é para 20, 30 anos”, acrescentou. “Posso dizer, sem medo de errar, que, daqui a dez anos, tudo o que estamos fazendo em fibra óptica agora vai se pagar e de modo muito intenso.”

Outro fator é o mercado potencial para a internet rápida no país. De um lado, a Oi estima que haja entre 35 e 40 milhões de residências e pequenos negócios, no país (excluindo-se São Paulo), que “são viáveis economicamente para a implantação da fibra”. “É um número muito encorajador”, disse Abreu.

Além disso, o executivo descarta a possibilidade de que a tecnologia 5G canibalize o mercado de fibra óptica. Isto porque, segundo ele, a infraestrutura de 5G requer “muita fibra óptica até a antena [de transmissão do sinal]”.

E os celulares?

Tantos elogios ao mercado de fibra óptica levam à pergunta óbvia: qual será o papel da Oi Móvel nisso tudo? Perguntado diretamente pelos analistas sobre uma eventual venda da operação, Abreu foi direto (até onde um CEO de companhia aberta pode ser).

Oi
Trabalho constante: ciclo de investimentos em telefonia celular é bem mais curto que o de infraestrutura (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

“Existe a possibilidade? Sim, existe a possibilidade. A gente já disse isso no planejamento estratégico. É algo de que a empresa depende? Não, não é algo de que a empresa depende.”

Mas, ajudaria bastante os planos da Oi de crescer no mercado de internet rápida. Isto porque, a situação da operadora é confortável, até certo ponto. A recente venda da angolana Unitel por US$ 1 bilhão e a emissão de títulos de dívida, no valor de R$ 2,5 bilhões, praticamente garantiram o caixa da empresa para 2020.

O problema, agora, é viabilizar o ano que vem. “2021 vai depender de nosso plano de ser mais agressivo, de crescer mais”, disse. E, para tanto, será necessário ter dinheiro para investir. E é aí que a venda da Oi Móvel faz mais sentido agora.

Novo papel

De tábua de salvação para garantir o caixa (isto é, pagar as contas do dia a dia), a unidade se transformou numa potencial fonte de recursos para investimentos nos próximos anos.

Numa conta rápida, Abreu estima o valor da Oi Móvel entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Esse dinheiro seria estratégico para assegurar a liderança no mercado de fibra óptica. “Isso [a venda da Oi Móvel] permitira à companhia se focar em outro nível de investimento, mais tranquilo, no nosso core business de infraestrutura”, disse.

Seria uma troca estratégica. Embora a Oi Móvel não seja mais o foco da companhia, é a sua principal fonte de receitas. “Estamos falando de mais de R$ 7 bilhões de receita e de geração de caixa”, afirma. “O móvel não é consumidor de caixa; é gerador de caixa. Poderia gera mais caixa, numa escala maior de operação, mas gera”, completa.

Assim, vender a Oi Móvel significaria, na prática, antecipar o caixa que aportaria nos próximos anos, e utilizar esse dinheiro para bancar o dia a dia e os investimentos de uma empresa menor, mas cujo futuro é promissor. A unidade de telefonia celular da Oi está, cada vez mais, com o pé para fora da empresa.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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