Internacional

FMI terá reuniões na Argentina com assessores de Macri e Fernández no final de semana

23 ago 2019, 21:57 - atualizado em 23 ago 2019, 21:57
A equipe técnica deve chegar à Argentina no sábado e discutirá os recentes desenvolvimentos econômico-financeiros e os planos de política do governo (Imagem: REUTERS/Marcos Brindicci)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou nesta sexta-feira que uma equipe se reunirá no final de semana com os assessores econômicos dos principais candidatos presidenciais da Argentina, Mauricio Macri e Alberto Fernández, para “trocar opiniões”.

A “equipe técnica” deve chegar à Argentina no sábado, informou o FMI, e discutirá os “recentes desenvolvimentos econômico-financeiros” e os “planos de política do governo”.

“Teremos reuniões de trabalho no sábado e no domingo”, confirmou uma fonte do Ministério da Fazenda à Reuters, acrescentando que seria a primeira reunião com o FMI do novo ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, que assumiu o cargo na terça-feira.

A Argentina tem um acordo de 57 bilhões de dólares com o FMI, negociado em 2018 pelo governo.

Macri foi derrotado nas eleições primárias em 11 de agosto pelo candidato da oposição Alberto Fernández, que agora é o principal postulante às eleições presidenciais de outubro. O peronista de centro-esquerda Fernández tem sido crítico do acordo do FMI na Argentina e prometeu “retrabalhá-lo” se eleito.

Assessores econômicos de Fernández se encontraram com Lacunza no início da semana, dizendo que Fernández buscaria um “modelo econômico alternativo” para políticas do atual governo.

O apoio esmagador a Fernández na votação primária fez com que a moeda argentina, o peso, caísse quase 18% na semana passada, em meio a temores de um retorno a políticas econômicas intervencionistas da ex-presidente Cristina Kirchner, candidata a vice-presidente de Fernández.

A próxima revisão programada pelo FMI do programa de empréstimos ao país está prevista para 15 de setembro.

Em sua revisão anterior, em julho, o FMI alertou que havia riscos “elevados” ao programa, com a fraqueza do peso e a incerteza política provavelmente se retroalimentando.

O colapso da moeda argentina na semana passada e a disparada nos custos dos empréstimos alimentaram a preocupação dos investidores de que a terceira maior economia da América Latina esteja caminhando para outra reestruturação da dívida.

Macri assumiu o cargo em 2015, prometendo acabar com as crises cíclicas que nos últimos 100 anos transformaram uma das economias mais fortes do mundo em uma inadimplemente em série, mas uma recuperação econômica não se concretizou.

Os eleitores cansados das medidas de austeridade apoiadas pelo FMI e de uma inflação galopante de 55% impuseram uma fragorosa derrota a Macri, dando uma vantagem de 15 pontos percentuais a Fernández, que prometeu na quinta-feira que a Argentina não tem risco de dar calote caso seja eleito.