Flybondi aposta em voos na Argentina para sobreviver
A Flybondi, companhia aérea de baixo custo da Argentina, planeja dobrar a aposta nos voos domésticos assim que as proibições de viagens, as mais rigorosas no continente americano, forem suspensas.
A empresa pretende se concentrar nos voos domésticos enquanto a demanda por viagens internacionais permanecer fraca por causa da pandemia de coronavírus, disse o diretor comercial Mauricio Sana em entrevista.
Os voos para o Brasil, o país mais atingido pela pandemia na América Latina, podem não ser retomados antes de maio de 2021.
“A aposta no crescimento regional em 2020 está cancelada”, disse Sana. “Com a redução das viagens ao exterior, grande parte do turismo se volta para as opções domésticas. Os mercados locais vão se recuperar mais rapidamente.”
O governo da Argentina proibiu todas viagens aéreas até 1º de setembro, uma das medidas mais rigorosas do mundo.
Mesmo antes da pandemia, companhias aéreas que operavam no país já haviam sido duramente atingidas pela desaceleração econômica, inflação de dois dígitos e imposto de 30% sobre viagens ao exterior. As aéreas argentinas devem perder, juntas, até US$ 80 milhões considerando apenas voos domésticos cancelados entre meados de março e setembro, disse o executivo.
Ele acredita que o prazo de 1º de setembro é “um exagero” e disse esperar que o governo reconsidere a medida e permita que as viagens domésticas sejam reiniciadas antes disso.
De capital fechado, a Flybondi começou a operar em 2018. A empresa reduziu salários de executivos do alto escalão em até 50% para cortar custos e manter empregos.
A companhia aérea reduziu a remuneração de funcionários com salários mais baixos em 15%. Os cortes serão aplicados de abril a junho. A Flybondi também descartou um plano para incluir um Boeing 737-800 na frota em setembro.
Companhias aéreas globais tentam sobreviver enquanto o setor enfrenta a pior crise de sua história por causa da pandemia de coronavírus. Sana estima que os voos domésticos vão encolher 50% neste ano.
Dezesseis milhões de pesssoas viajaram de avião na Argentina no ano passado, segundo relatório da Administração Nacional de Aviação Civil.
Antes da paralisação dos voos, a Flybondi operava 18 rotas domésticas para seis destinos regionais, conectando o país com cidades do Brasil, Paraguai e Uruguai.
Quando as proibições forem suspensas, a Flybondi planeja reduzir as frequências das rotas locais para se adaptar à menor demanda em vez de cortar destinos, disse Sana.
“Estamos apostando que não haverá regulamentação que reduza a capacidade dos aviões devido à pandemia”, acrescentou Sana. “Queremos manter nosso histórico de eficiência.”